Turmas pequenas, máscaras e viseiras: as condições para o regresso às aulas - TVI

Turmas pequenas, máscaras e viseiras: as condições para o regresso às aulas

  • Sofia Santana
  • 27 abr 2020, 11:16

O Governo estuda a possibilidade de os alunos do 11.º e 12.º anos poderem retomar as aulas presenciais no próximo dia 18 de maio. O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, diz que é preciso garantir várias condições de segurança

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou que é preciso garantir várias condições de segurança para o regresso às aulas presenciais como a reorganização das turmas em grupos de 10 ou 12 alunos e a existência de material de proteção como máscaras, viseiras e luvas. O responsável afirmou que seria um "erro tremendo" pôr em causa o esforço tão grande que está a ser exigido a todo o país.

Seria um erro tremendo que, depois de um esforço tão grande que está a ser exigido a todo o país, fosse tomada uma medida que decorresse não daquele que deve ser o interesse prevalecente, que é o interessa da saúde pública, mas de qualquer outro e pusesse em causa aquilo que todos os portugueses têm conseguido."

Para Mário Nogueira, o regresso só deverá acontecer quando a autoridade de saúde pública tiver uma posição favorável nesse sentido, que seja "assente na opinião sustentada de epidemiologistas e especialistas de saúde publica".

O responsável frisou que será necessário garantir "condições de segurança que podem dar confiança às pessoas sob pena de as escolas reabrirem e muitos alunos não comparecerem". Essas condições passam pela reorganização das turmas em grupos de 10, 12 alunos e não de 20 e 30, a garantia de que pode haver um distanciamento social de dois metros e a existência de material de proteção.

É necessáro que os grupos de turma não sejam de vinte e tal e trinta pessoas, que sejam constituídos grupos de 10, 12 pessoas e que, no mínimo, haja entre cada um dois metros de distanciamento. Depois, é necessário que existam todos os equipamentos de segurança, falamos em máscaras, viseiras, luvas."

Mário Nogueira disse ainda que o Ministério da Educação vai ter de resolver o problema dos professores que integram grupos de risco.

O Ministério da Educação vai ter de resolver o problema de muitos professores que integram grupos de risco, o s professores que já tem mais de 60 anos (...) e os professores que têm doenças. (...) Não se pode atirar para salas de aula professores que vão correr um risco acrescido", vincou.

Diretores ainda não conhecem regras para reabrir escolas

Os diretores escolares também alertaram esta segunda-feira para a urgência em conhecerem regras de funcionamento das escolas durante a pandemia, tais como o número de alunos por sala, para poderem organizar o recomeço das aulas presenciais.

Os diretores escolares estiveram reunidos na semana passada e esta segunda-feira enviaram uma carta ao Ministério da Educação alertando para a necessidade de o Governo e a Direção Geral da Saúde (DGS) darem indicações práticas de como devem organizar a reabertura das escolas.

Precisamos saber quantos alunos poderemos ter por sala de aula para sabermos se precisamos ou não de mais professores. Se, por exemplo, só puder ter 10 alunos por sala, então para uma turma de 30 alunos se calhar vou precisar de ter mais dois professores”, exemplificou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Os diretores precisam de orientações da Direção-Geral da Saúde para poderem reorganizar as salas de aula e os espaços comuns, atendendo ao distanciamento social recomendável. Também precisam de saber o que fazer no caso dos professores, pessoal não docente e alunos que tenham problemas de saúde ou que já sejam mais velhos.

“É necessário chegarem orientações, em tempo oportuno, às escolas, com suporte na Direção-Geral da Saúde”, lê-se na carta enviada ao ministro da Educação a que a Lusa teve acesso. Na carta, os diretores recordam que “não são especialistas em Saúde Pública, necessitando do devido respaldo”.

É preciso refazer horários de alunos e professores e é preciso garantir que vamos receber material de higienização ou verbas para o poder comprar”, explicou Filinto Lima, salientando que estes são “alertas” que deixam para que “as coisas corram bem, independentemente da data em que a aulas recomecem”.

Os alunos do 11.º e 12.º anos poderão retomar as aulas presenciais no próximo dia 18 de maio e as creches deverão reabrir a 1 de junho. É este o cenário no qual o Governo está a trabalhar para retomar as atividades letivas e regressar, gradualmente, à normalidade no fim do estado de emergência, de acordo com o jornal Público.

A próxima reunião entre o Executivo e as autoridades de saúde para definir estratégias para o desconfinamento realiza-se na terça-feira. Só no final deste encontro é que o Governo vai saber se tem ou não luz verde para avançar com estas medidas.

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