Raio fere pessoas e mata cão nos Açores - TVI

Raio fere pessoas e mata cão nos Açores

Subida ao Pico

Grupo em passeio no Pico parou para tirar uma fotografia. Depois do flash, caiu um raio. Conheça os pormenores do incidente

Tinha tudo para ser o habitual convívio anual da coletividade local «Cantinho das Terras», no Pico (Açores), com uma subida ao segundo ponto mais alto da ilha, o chamado Vulcão do Topo. Até que o flash de uma foto de grupo veio acompanhado de outro, o de um raio, que feriu várias pessoas - uma delas, um homem de 34 anos, teve uma paragem cardiorrespiratória - e matou um cão.

O tempo não era o melhor, «mas nada fazia prever» que os chuviscos e o nevoeiro resultassem em trovoada, contou ao tvi24.pt uma das organizadoras do encontro, que não se quis identificar.

O grupo tinha cerca de 80 pessoas, a maioria adultos. Nem todos com o mesmo ritmo de caminhada, e um dos minigrupos, que tinha à volta de 15 pessoas, era o que estava mais atrasado. «Algumas pessoas tinham uma certa idade. Estavam a andar a um ritmo mais pausado, para ninguém se cansar. Nós, que estávamos cá em baixo a tratar do almoço, vimos que começou a chover com muita intensidade e a trovoada começou-se a aproximar».

Quando esse grupo chegou a uma zona mais plana, decidiu fazer uma pausa para descansar e foi aí que resolveu tirar uma fotografia. «Quando dá o flash para a foto estão todos a rir, bem-dispostos, mas no momento a seguir acordaram sem saber o que se tinha passado», descreveu.

Estavam a 1.900 metros de altitude quando o raio os atingiu, exceto à mulher que tirou a foto. «Ela não sabe precisar se [o raio] caiu entre as pessoas ou por trás delas. Mas apercebeu-se rapidamente que havia um elemento do grupo que estava mal, um homem de 34 anos, em paragem cardiorrespiratória. Os restantes perderam a consciência e à medida que foram acordando foram-se apercebendo do que se estava a passar».

O rasto que o raio deixou

O raio surpreendeu-os, deixou-os atordoados e, além de lhes roubar a consciência por alguns momentos, prendeu-lhes os músculos e deixou outras marcas: «Relatam que ficaram sem mobilidade física, queriam chegar uns aos outros e não conseguiam. Ficaram dores musculares, membros inchados e com queimaduras corporais derivadas do choque elétrico».

«Não é como no fogão, é como se tivessem sido chicoteadas», exemplificou. As senhoras, então, por usarem soutien, ficaram com queimaduras no peito: «O arco, com a eletricidade, aqueceu».

O homem que entrou em paragem cardiorrespiratória foi prontamente socorrido por uma médica que também estava a subir para o sopé. «Em conjunto com a moça que estava a tirar a fotografia, conseguiu fazer uma massagem para essa pessoa recuperar e, quando as outras estavam minimamente estáveis, deram o alerta para a organização».

A organizadora ressalva o espírito de grupo e entreajuda das pessoas que integravam o passeio, bem como de toda a comunidade, que ajudou os bombeiros a chegar ao local, com um acesso «péssimo, difícil».

Todos os elementos feridos foram levados ao centro de saúde por precaução e o homem de 34 anos já lá chegou a andar pelo próprio pé. O cão, que morreu, estava ao seu colo. Há, também, uma adolescente «ainda bastante combalida», com queimaduras e membros inchados.

Podia ter sido uma tragédia. «Só não foi mais grave, porque [o homem de 34 anos] era resistente e o auxílio foi prestado logo. Embora a ambulância tenha ficado três horas fora do quartel, foi feita a coordenação possível, com aquela altitude, no meio de erva e piso molhado. Foram precisas seis pessoas para trazer a maca». Para além da morte do cão, a história da coletividade ficará marcada por este grande susto.
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