Leilão: Estado na posse de 14 lotes de Pessoa - TVI

Leilão: Estado na posse de 14 lotes de Pessoa

Fernando Pessoa

Parte do espólio do escritor foi adquirido por 157 mil euros

O Estado tem já na sua posse os 14 lotes sobre os quais exerceu direito de preferência do espólio de Fernando Pessoa, que dia 13 foi a leilão no Centro Cultural de Belém, informou esta segunda-feira o leiloeiro.

«A Biblioteca Nacional já tem em seu poder todos os lotes que adquiriu, usando o direito de preferência», disse Luís Trindade à Lusa.

Os 14 lotes adquiridos pelo Estado totalizam 157 mil euros e, além destes, «há ainda outros 13 que ficam sob o regime de classificação de património nacional, libertando os restantes», precisou a fonte.

«Da nossa parte foi feita a entrega dos lotes, tendo nós aceitado as garantias dadas pelo Estado», indicou Luís Trindade, adiantando, sem mais pormenores, estar a «equacionar mover uma acção judicial contra o Estado».

Entre os lotes sobre que o Estado exerceu direito de preferência estão a carta que a si próprio escreveu o poeta, no dia dos seus anos, dois textos manuscritos sobre temas cabalísticos e o «dossier Pessoa-Crowley».

O Estado exerceu o direito de opção estipulado pelo Código Civil, designadamente os artigos 410º e 416º a 418º.

O conjunto de lotes sobre os quais o Estado exerceu preferência inclui ainda um documento manuscrito e dactilografado por Pessoa, intitulado «Escriptos Orthonymos», três folhas escritas a tinta permanente com um projecto para a Revista Portugal e um carta de seis páginas e meia, dirigida a Manuel Rodrigues, então ministro da Justiça, analisando a «Ética política do Estado Novo».

Várias páginas escritas com apontamentos do autor de «Mensagem», três folhas manuscritas intituladas «Receita» destinada a esclarecer os visitantes sobre Portugal, um manuscrito de um projecto para uma antologia da poesia portuguesa e ainda um estudo para poemas de 1922, são outros dos lotes sobre os quais o Estado exerceu direito de preferência.

«Diálogo cómico entre Cristão e Católico»

Outros lotes sobre os quais a Biblioteca Nacional, em nome do Estado, exerceu o mesmo direito são: «Diálogo cómico entre Cristão e Católico», dactilografado e manuscrito, 15 folhas de calendário escritas em francês com o título «Le commencement de la foi», carta dactilografada pelo seu heterónimo Álvaro de campos dirigida ao director do jornal A Capital e ainda uma folha escrita com a sua tradução de «Hamlet», de Shakespeare.

O Estado, através do Ministério da Cultura (MC), terá pago o valor que foi estabelecido em leilão.

A Biblioteca Nacional detém já 27 mil documentos do poeta, falecido em 1935.

Este ano comemoram-se os 120 anos do nascimento de Pessoa com um conjunto de iniciativas, designadamente um congresso internacional sobre o poeta, que começa terça-feira.
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