Transplantes pediátricos voltam a Coimbra - TVI

Transplantes pediátricos voltam a Coimbra

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Um ano após a suspensão, as oito crianças que estão à espera de um fígado deixam de ser obrigadas a viajar para Espanha

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As oito crianças que estão à espera de um fígado em Portugal deixam de ser obrigadas, a partir de quinta-feira, a viajar para Espanha, com o regresso dos transplantes a Portugal, um ano após a sua suspensão.

A aguardar por avaliação da equipa médica do Hospital Pediátrico de Coimbra-Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HPC-CHUC) estão mais quatro crianças, informou, a pedido da Lusa, o gabinete de comunicação, informação e relações públicas do CHUC.

Os transplantes hepáticos pediátricos foram suspensos em julho de 2011, devido à saída do único cirurgião especialista nesta área em Portugal, Emanuel Furtado, dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC-CHUC).

Quase um ano depois, os transplantes regressam ao único centro que até então transplantava fígado em crianças e sob a liderança do mesmo cirurgião, mas sem que seja claro quem coordenará o serviço de transplantes hepáticos de adultos nos HUC-CHUC, cuja ligação aos pediátricos é fundamental (para o treino dos cirurgiões) e tendo em conta que Emanuel Furtado colocara como condição «sine qua non» para o seu regresso o afastamento do atual diretor, Fernando José de Oliveira.

A Lusa questionou a administração do CHUC sobre «quem fica a coordenar os transplantes hepáticos nos HUC» e de que forma, na prática, será feita a necessária interligação com as cirurgias pediátricas mas não obteve resposta.

Quando o programa foi reativado, a 06 de fevereiro, durante uma visita do ministro da saúde ao HPC, a administração do CHUC foi questionada no mesmo sentido pelos jornalistas mas já nessa altura não esclareceu quem fica a coordenar os transplantes de adultos, nos HUC.

Na altura, aos jornalistas, Emanuel Furtado disse, contudo, que «não irá trabalhar» com Fernando Oliveira e anunciou que iria formar novas equipas de cirurgiões, para evitar, como aconteceu no passado, que o programa dependa apenas de um especialista.

A Lusa também não obteve resposta da administração do CHUC sobre o sistema remuneratório que será praticado com a equipa dos transplantes pediátricos, já que Emanuel Furtado se manifestara contra um sistema de distribuição de incentivos deixado ao critério do diretor e a favor de regras claras firmadas por contrato com os profissionais.

Com a reativação do programa, os transplantes passam a ser efetuados em ambiente pediátrico, no HPC (antes eram nos HUC).

Das oito crianças e jovens à espera de um novo fígado, com idades entre os 14 meses e os 17 anos, duas estão também em lista de espera em Espanha.

Nenhum dos doentes tem possibilidade de receber um fígado de um dador vivo, ou seja, dos pais, devido a contra-indicação clínica, daí que não esteja nenhum transplante programado.

Quatro das crianças têm um «grau de urgência» em receber um novo fígado mais apertado, «inferior a três meses». Para as restantes, o prazo varia entre os três e os seis meses, segundo a informação fornecida pelo CHUC à Lusa.

Desde que o programa foi retomado em Coimbra, foram realizadas cinco consultas de avaliação, a primeira a uma bebé de Gaia. Na lista de espera estão dois gémeos.

Em 2011 foram transplantadas nove crianças portuguesas, quatro em Espanha e cinco em Coimbra (até junho).
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