Marinheiros galegos retidos na Figueira: "Entre a morte e a multa que venham mil multas" - TVI

Marinheiros galegos retidos na Figueira: "Entre a morte e a multa que venham mil multas"

  • Paulo Delgado
  • Notícia atualizada às 22:27
  • 1 fev 2019, 15:22

Tripulantes de veleiro rejeitam pagar caução para zarpar para Vigo. Autoridade Marítima acusa-os de terem entrado com a barra fechada. Argumentam que pediram socorro, devido a problemas com um leme

Javier Montenegro e Ivan Ianzaban estão retidos desde a noite de quarta-feira no porto da Figueira da Foz, no veleiro Lady Maia que tripulam desde Dénia, perto de Valência, no mar das Baleares, e pretendem levar para Vigo, na Galiza. Os dois marinheiros são alvo de um processo contraordenacional, por terem franqueado a barra, quando esta se encontrava fechada a embarcações com menos de 35 metros.

Navegando de porto em porto, desde que largaram de Dénia no dia 12, na quarta-feira passada saíram de Cascais, quando foram apanhados pelo mau tempo no mar. Segundo relata à TVI24 o mestre da embarcação de recreio Javier Montenegro, tornou-se impossível chegar a Leixões, a norte, ou tentar atracar na Nazaré, barras que não estariam fechadas.

Quando saímos pelas 9:00 da manhã de Cascais nenhuma barra estava fechada", jura Javier, que afirma ter pedido ajuda "por rádio e por telefone" às autoridades marítimas do porto da Figueira da Foz, quando percebeu ter um dos dois lemes do barco "estragado".

O mestre da embarcação afirma não ter recebido qualquer comunicação "nem por rádio, nem por telefone" e só quando estava a entrar na barra da Figueira da Foz foi intercetado por um salva-vidas da Autoridade Marítima Nacional, que, ao abrigo da lei, abriu um processo que prevê coimas entre os 2.200 e os 3.700 euros, pela entrada numa barra fechada.

Caução para zarpar

Javier e Ivan estão agora retidos e para poderem zarpar para Vigo com o veleiro de 12 metros, assim que o tempo melhore no mar, dizem ter de pagar uma caução de três mil euros.

Não disponho desse dinheiro, porque estou a levar um barco que não é meu. Foi comprado por um médico", refere Javier, que considera qualquer sanção que lhe seja aplicada "injusta".

Entre a morte e a multa, pois que venham mil multas", assume o galego, marinheiro há 15 anos, que admite até poder ter havido "problemas com o rádio" do barco, mas garante ter "todas as provas" dos seus contactos e "todas as chamadas registadas no telefone".

Recorrendo ao consulado espanhol em Portugal, os dois marinheiros conseguiram uma reunião com as autoridades portuárias portuguesas da Figueira da Foz, com quem tentarão solucionar o diferendo, na tarde desta sexta-feira.

Ao final do dia, o mestre da embarcação adiantou à TVI estar a ponderar se paga uma multa de 1.100 euros, que a Autoridade Marítima lhe impõe por ter entrado com a barra fechada, ou a caução de 3.000 euros, que lhe permitirá defender a sua causa, argumentando que o veleiro estava em dificuldades.

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