Domingo teve 303 incêndios - TVI

Domingo teve 303 incêndios

Incêndio na Serra do Marão

Novo recorde num mês de Março considerado «anormal»

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Mais de 300 incêndios florestais deflagraram domingo no país, um novo recorde deste mês de Março, que já ultrapassou os 2.000 fogos, segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), citada pela agência Lusa.

Os 303 fogos de domingo foram combatidos por 3.423 bombeiros e 895 viaturas. O de maior gravidade foi o incêndio no Parque Nacional da Peneda-Gerês, que ainda esta segunda-feira está por circunscrever. Desde o dia 14 que o número diário de incêndios é superior a 150.

«Face aos resultados da segunda quinzena, não há dúvida alguma que estamos perante um Março anormal», disse à Agência Lusa o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira.

O responsável adiantou que os 303 incêndios registados no domingo estão «acima daquilo do que é o normal nos períodos de incidência de maior risco florestal», que é no Verão.

«Estes 303 fogos ultrapassam o que se pode entender como uma média dos meses de Verão há vários anos», salientou.

«Anormalidade»

Para esta «anormalidade» de incêndios florestais fora de época contribuíram as queimadas, uma prática agrícola, sendo necessária uma maior sensibilização para que os cidadãos adoptem comportamentos mais prudentes, referiu.

O presidente da LBP chamou a atenção para o facto de haver incêndios que têm deflagrado em zonas que já não ardiam há muito tempo, há cerca de 30 anos, como em alguns locais do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Duarte Caldeira disse, também, que «ainda não houve tempo para que as medidas positivas de reestruturação da floresta portuguesa gerem resultados».

O presidente da LBP adiantou que está a perspectivar-se um ano diferente, com «uma maior incidência de incêndios», face aos últimos dois, em que a área ardida diminuiu significativamente.

Melhores meios

Sobre os meios no terreno, Duarte Caldeira destacou a melhoria qualitativa do modelo adoptado há dois anos, em que os meios disponíveis correspondem ao «grau de risco de cada uma das fases, mas o modelo de organização permite uma mobilidade e um reforço» em caso de necessidade.

«Um dos saltos qualitativos que o sistema adoptou nos últimos dois anos foi a eliminação do conceito de época de incêndios florestais. Está demonstrado que o incêndio florestal é hoje uma ocorrência que pode verificar-se em qualquer altura do ano», disse.

«Do ponto de vista de análise de risco, não é correcto colocar em pé de igualdade o mês de Janeiro com o mês de Agosto, faz todo o sentido a definição das fases de dispositivo de combate», sublinhou.

Mobilizados 3.813 elementos

O dispositivo de combate a incêndios encontra-se na fase «Alfa» desde 1 de Janeiro e até 14 de Maio.

Para a fase «Alfa» estão mobilizados 3.813 elementos, 904 veículos e dois helicópteros permanentes, número passível de crescer até sete meios aéreos, em caso de necessidade.

Há quase uma semana que a Autoridade Nacional de Protecção Civil accionou o «alerta amarelo» de risco de incêndio devido às temperaturas elevadas e reforçou os meios de prevenção, nomeadamente o número de helicópteros disponíveis.

O secretário de Estado da Protecção Civil, José Medeiros, sublinhou esta segunda-feira que o combate aos incêndios antes do Verão nunca contou com tantos meios como este ano, lembrando que estão disponíveis, de momento, oito meios aéreos.
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