Testemunhas dizem que suspeito de incêndios da Serra do Caramulo tentou influenciá-las - TVI

Testemunhas dizem que suspeito de incêndios da Serra do Caramulo tentou influenciá-las

Julgamento dos suspeitos de terem ateado os fogos no Caramulo que mataram quatro bombeiros [Foto: Lusa]

Duas jovens dizem ter sido contactadas pelo pai de um dos suspeitos

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Duas testemunhas admitiram esta segunda-feira ter sido contactadas por um dos acusados da autoria dos incêndios na Serra do Caramulo e influenciadas a dizer que estiveram com ele na noite de 20 de agosto de 2013.

Na tarde do terceiro dia de julgamento, que decorre em Vouzela, foram ouvidas Tânia Simões e Inês Araújo. Ambas faziam parte do grupo de amigos de Luís Patrick e Fernando Marinho que, em tempo de férias, habitualmente se encontrava à noite no café e na praia fluvial de Alcofra.

Na semana passada, Luís Patrick assegurou estar inocente, negando ter andado com Fernando Marinho numa mota a atear focos de incêndio na serra, na noite de 20 para 21 de agosto.

Já Fernando Marinho disse que, depois de terem estado com amigos na praia fluvial a consumir bebidas alcoólicas, foram de mota para a serra, tendo Luís Patrick ateado os incêndios de Alcofra e de Meruge e ele o de Silvares (seis focos que se juntaram num só incêndio), depois de incitado pelo amigo.

Tânia Simões, que vive em Alcofra, contou que estava na praia fluvial com Inês e outro amigo, Gil, quando se aperceberam do fumo do incêndio, mas disse não se recordar se Patrick, Fernando e Bruna (também do grupo) lá estavam. «Está com uma memória um bocado esbatida. Isto não foi assim há tanto tempo», considerou o procurador.

Perante várias hesitações e silêncios, o procurador requereu a leitura das declarações de Tânia na altura da investigação, nas quais a testemunha admitia ter recebido, a 01 de setembro, uma chamada do pai de Luís Patrick, emigrante no Luxemburgo e para quem já tinha trabalhado.

De acordo com o que foi lido, nesse telefonema o pai de Luís Patrick disse-lhe que «se fosse contactada por alguém da polícia para testemunhar deveria dizer que o seu filho, à hora dos fogos», se encontrava na sua companhia, na praia fluvial. Como Tânia Simões disse que não se lembrava desse facto, passou o telefone ao filho Patrick, que a «tentou convencer» de que estava consigo «naquele local, na data e hora em que iniciaram os fogos», e que Fernando teria saído de lá sozinho, de bicicleta.

Na altura, a jovem referiu ainda que o pai de Patrick lhe disse para não contar o teor da conversa a ninguém, tendo ela ficado com a convicção de que a estavam a tentar pressionar. Depois de ouvir o depoimento que tinha feito, Tânia Simões admitiu ser verdade o que disse na altura à Polícia Judiciária e ao magistrado do Ministério Público.

De seguida, Inês Araújo - residente no Montijo, mas que costuma passar férias em Alcofra - também disse ter sido contactada pelo pai de Patrick, tendo o teor da conversa sido semelhante à que tinha ocorrido com Tânia Simões.

Inês Araújo também referiu não se recordar se nessa noite viu Fernando, Patrick ou Bruna. O procurador voltou a pedir a leitura das declarações prestadas na altura, onde a testemunha dizia ter a certeza que quando avistaram o fogo não estava lá Patrick, nem Fernando. «Se disse na altura, é porque me lembrava», concluiu a jovem.

Luís Patrick e Fernando Marinho estão acusados, em coautoria, de um crime de incêndio florestal, de quatro homicídios qualificados e de 13 de ofensa à integridade física qualificada. Sobre o primeiro recai também a acusação de condução sem qualificação legal.
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