Trovoadas secas podem ter provocado tragédia em Pedrógão Grande - TVI

Trovoadas secas podem ter provocado tragédia em Pedrógão Grande

  • Atualizada às 7:41
  • 18 jun 2017, 03:47

Fogo provocou pelo menos 39 mortos e 20 ferido

O primeiro-ministro afirmou, este domingo, que o incêndio no distrito de Leiria, que matou pelo menos 39 pessoas, terá sido causado por trovoadas secas e que as vítimas estavam todas numa única estrada ou nas suas imediações.

Em declarações aos jornalistas, depois de ter estado reunido cerca de duas horas no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Oeiras, António Costa, considerou, no entanto, que "é prematuro tirar ilações" sobre o que aconteceu.

Questionado sobre o que terá causado tantas vítimas mortais, respondeu: "Neste momento é obviamente prematuro tirar ilações sobre o que terá acontecido naquele local. Algo de muito especial aconteceu, seguramente, pela dimensão das vítimas que teve. Neste momento, a Polícia Judiciária (PJ) está já no local, a quem compete a investigação, com o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR)”.

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O primeiro-ministro adiantou que também o Instituto nacional de Medicina Legal foi acionado e disse que "há que fazer a identificação, e há também que ver as causas".

António Costa referiu que "todas as vítimas mortais estavam concentradas numa via de circulação ou nas suas imediações".

Durante o dia houve um total de 156 incêndios em todo o país. Neste momento, onze ainda estão ativos e dois suscitam particulares preocupações. Esta situação de vítimas humanas não foi generalizada nos incêndios, ocorreu num único incêndio e num único local", enquadrou.

Segundo o primeiro-ministro, "os meios que têm estado empenhados têm respondido à generalidade das situações".

Houve uma situação meteorológica particular a partir das 14 horas, numa extensão entre Coimbra e o norte do Alentejo, com a sucessão de trovoadas secas que terão estado na origem destes incêndios, e que terão gerado fenómenos meteorológicos de grande concentração e violência, como este que vitimou o conjunto destas pessoas", acrescentou.

Situação caótica em Figueiró dos Vinhos

A situação em Figueiró dos Vinhos "é caótica" devido ao avanço do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, existindo diversas povoações isoladas pelas chamas e um número indeterminado de feridos, disse este domingo de madrugada fonte do município.

Há diversas povoações a arder em todo o concelho e as chamas estão a cercar a vila [de Figueiró]”, disse à Lusa a vereadora da Ação Social, entre outros pelouros, da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Marta Fernandes.

A vereadora acrescentou que este domingo de madrugada, no território concelhio, o incêndio está a ser combatido unicamente pelos bombeiros locais e pelos moradores das zonas afetadas, uma vez que as corporações dos concelhos vizinhos estão na linha da frente do combate ao incêndio em Pedrógão Grande.

Pelas 23:30 de sábado, o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, tinha revelado que existiam no seu concelho, devido às chamas, "casas ardidas, alguns feridos e localidades sem luz.

Temos localidades e lugares sem luz, bem como a vila", afirmou, acrescentando que o centro de saúde está a funcionar com geradores.

 

Nunca vi uma situação assim, é muito preocupante, não estamos a conseguir chegar a todo o lado", disse Jorge Abreu.

Várias estradas cortadas

Várias estradas nacionais e municipais estão cortadas em diversos pontos devido aos fortes incêndios em curso na zona de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e no concelho de Góis, distrito de Coimbra, disse hoje à Lusa a GNR.

O IC8, cortado desde as 19:00 de sábado, por causa do violento incêndio com quatro frentes que já fez 39 mortos no concelho de Pedrógão Grande, continua interditado entre os quilómetros 90 e 84.

A Estrada Nacional 2 está cortada em dois pontos: junto ao cruzamento das Fontainhas e entre os quilómetros 290 e 298, na zona de Chã de Alvares, em consequência do incêndio de Góis, que também levou ao corte da estrada municipal 1202 junto à localidade de São João do Deserto, que pertence a Penela, e da Estrada Nacional 337 na mesma zona.

Segundo o comando-geral da GNR, igualmente fechada à circulação em dois troços está a Estrada Nacional 112, entre os quilómetros zero e três, ou seja, do início até à zona de Cabeçadas, no concelho de Góis, e entre os quilómetros 51 e 55, junto a Foz do Giraldo, Oleiros e Castelo Branco.

Todas estas estradas estão interditadas e não têm alternativa, exceto a 1202, que é uma estrada municipal, referiu a mesma fonte.

Equipas da PJ no terreno

Várias equipas da Polícia Judiciária (PJ) estão em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e outras vão a caminho, na sequência do incêndio que deflagrou no sábado e provocou 24 mortos, disse à agência Lusa fonte policial.

Temos diversas equipas no local da ocorrência e outras vão a caminho, da Diretoria do Centro, em Coimbra, do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo e do Laboratório de Polícia Científica”, estas duas sediadas em Lisboa, afirmou.

Segundo a fonte, “a PJ não teve comunicação oficial de que houvesse um incêndio doloso”, mas a partir do momento em que há ocorrência de mortes desloca-se para o local”.

“Vamos analisar o local da ocorrência, identificar as vítimas e fazer as diligências necessárias”, adiantou, sublinhando que estas diligências “demorarão o tempo que for necessário” e que através delas a PJ “irá tentar determinar a origem e causas do incêndio”.

 Medicina Legal envia meios para o terreno

Uma equipa de desastres de massa do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), com quatro elementos, vai deslocar-se para Pedrógão Grande.

Vai para o local uma equipa do INMLCF de desastres de massa [com múltiplas vítimas], constituída por quatro pessoas que são especialistas na identificação de corpos em casos de catástrofe”, disse hoje à agência Lusa fonte do gabinete de comunicação do Ministério da Justiça.

Segundo a mesma fonte, pelas 02:00 estava a deslocar-se para Pedrógão Grande o presidente do instituto, Francisco Corte-Real, assim como a diretora do Serviço de Patologia.

“Entretanto foi também decidido transferir os corpos das vítimas mortais para a sede do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, em Coimbra”, adiantou a mesma fonte.

O fogo deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), e alastrou-se ao município vizinho de Figueiró dos Vinhos.

Segundo a página da Proteção Civil na internet, as operações mobilizam esta madrugada 648 operacionais e 211 viaturas.

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