Ana Gomes confirma que Rui Pinto colabora com autoridades de três países - TVI

Ana Gomes confirma que Rui Pinto colabora com autoridades de três países

Eurodeputada socialista, que tem defendido publicamente o hacker, revela que o presidente do Eurojust confirmou diante da Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu que Rui Pinto “era de facto um whistleblower cooperando com as autoridades”

Ana Gomes voltou a pronunciar-se sobre o caso do hacker Rui Pinto, uma das fontes que tem permitido à plataforma digital Football Leaks denunciar casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol, e que a eurodeputada socialista que tem vindo a defender publicamente. Num tweet publicado na manhã desta terça-feira, a socialista confirma que o pirata informático está a colaborar com autoridades de três países da União Europeia: França, Bélgica e Holanda.

A Eurojust é uma das agências da União Europeia, focada em questões judiciais em curso nos Estados-membros. Ana Gomes deixa no ar que obteve mais informações, mas não levanta o véu. O termo whistleblower referido pela eurodeputada neste tweet alude, recorde-se, ao conceito que a defesa alega para dizer que o pirata informático está protegido pela legislação europeia: trata-se, no fundo, do ato de dizer às autoridades ou ao público que a organização para a qual trabalhamos está a fazer algo imoral ou ilegal. 

Antes desse tweet, Ana Gomes escreveu outro, dizendo que o presidente do Eurojust confirmou diante da Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu que Rui Pinto “era de facto um whistleblower cooperando com as autoridades”, mas num caso diferente daquele por que foi pedida a extradição por autoridades portuguesas.

A eurodeputada ainda deixou, noutra publicação, um rol de perguntas às autoridades portuguesas:

Que esperam as nossas autoridades para solicitar a cooperacão de Rui Pinto, ainda por cima tendo-o na prisão? Advogados dele ontem confirmaram que não foi recebido nenhum pedido, nem da Autoridade Tributária, nem do Ministério Público, apesar de notícias [publicadas nos]media. Porquê? Não se quer investigar criminalidade #footballleaks?

Ontem, William Bourdon, um dos advogados que defende Rui Pinto, confirmou que a justiça francesa fez uma cópia dos documentos do colaborador do Football Leaks e que todas as informações vão chegar “dentro de dias” ao Eurojust.

Os advogados de Rui Pinto garantem que o hacker, atualmente em prisão preventiva, tem informações relevantes para que a justiça portuguesa investigue grandes responsáveis públicos e privados do país que estão ligados ao crime organizado. Num debate promovido também ontem, precisamente pela eurodeputada socialista Ana Gomes, os advogados revelaram que já entregaram essas informações às autoridades judiciais e que os procuradores devem tirar consequências.

Também se soube, entretanto, que o Fisco português pediu ajuda ao pirata informático Rui Pinto quando o hacker esteva preso na Hungria, pretendendo informações sobre transferências bancárias em negócios do empresário Jorge Mendes e outras pessoas ligadas ao mundo do futebol.

Ana Gomes vs. Benfica

A 24 de março, numa entrevista publicada no jornal Record, e em resposta à hipótese de Rui Pinto ter acedido ilegalmente ao correio eletrónico do Benfica, Ana Gomes disse que "há um passado de delinquência" ligado a Vieira e que o Benfica pode ter interesse em que alguém como o colaborador do Football Leaks esteja sob controlo.

Essas declarações valeram-lhe a promessa, por parte do clube da Luz e do seu presidente, de a processar por calúnias, falsas declarações e difamação.

Ana Gomes tem defendido que pessoas como Rui Pinto "fazem um trabalho extraordinariamente importante na defesa do interesse público, para o combate ao crime organizado", mesmo que no caso do denunciante português recaia pelo menos uma acusação de tentativa de extorsão. Cosniderou já também que o pirata informático precisa de "máxima proteção", que tem "razão para temer pela sua vida".

Recorde-se que o hacker português foi detido na Hungria e chegou a Portugal a 21 de março, com base num mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Foi indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.

Na base do mandado estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.

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