FA: oficiais consideram comunicado «normal num contexto anormal» - TVI

FA: oficiais consideram comunicado «normal num contexto anormal»

Manuel Pereira Cracel

Conselho de Chefes de Estado-Maior (CCEM) emitiu documento a defender a «serenidade, a coesão e a disciplina» no setor

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O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) considerou esta terça-feira «normal, num contexto anormal», o comunicado do Conselho de Chefes de Estado-Maior (CCEM) a defender a «serenidade, a coesão e a disciplina» no setor.

«O comunicado surge num contexto que em si é anormal, num contexto em que as Forças Armadas estão a ser colocadas em causa. Onde os militares, na sua condição de militares e de cidadãos também, estão a passar por tremendas dificuldades, à semelhança do que acontece com os seus concidadãos», disse à Lusa o coronel Manuel Cracel.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, o Conselho de Chefes de Estado-Maior frisa que os chefes militares comprometem-se a continuar «com lealdade e frontalidade, perante a tutela política e os seus subordinados, os trabalhos de adequação das estruturas e das capacidades das Forças Armadas à realidade do ambiente estratégico prevalecente e previsível, tendo sempre presentes o moral das pessoas e a indispensável garantia de prontidão das Forças Armadas».

Para o presidente da AOFA, esta tomada de posição «só não é normal porque os chefes militares não costumam fazer comunicados».

«No contexto desta anormalidade vão-se verificando alguns acontecimentos e as chefias entenderam, por bem, manifestar de alguma forma a sua posição no que toca ao exercício do cargo à frente de uma instituição que é fundamental neste como em qualquer país», disse.

O CCEM, que integra o chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, o chefe de Estado-Maior da Armada, o chefe de Estado-Maior da Força Aérea e o chefe de Estado Maior do Exército, reitera, na nota, a confiança nos militares e na «sua atitude de dedicação e rigor no cumprimento, com qualidade e segurança, das missões atribuídas às Forças Armadas».

Manuel Cracel disse à Lusa que, «olhando para o conteúdo do comunicado», o que está em causa «mais não é do que o reafirmar da procura de que as Forças Armadas mantenham a sua postura, como é aquela que sempre deverá ser a sua em qualquer circunstância».

O comunicado do Conselho de Chefes de Estado-Maior foi divulgado no dia em que a Associação de Oficiais das Forças Armadas advertiu que «as tensões sociais poderão culminar em justos protestos» e que, «no que de si depender», os militares não serão «um instrumento de repressão sobre os concidadãos».

Na sexta-feira, o general Loureiro dos Santos manifestou, em representação de oficiais-generais e superiores na reserva e na reforma dos três ramos militares, reunidos num jantar em Lisboa, «profunda preocupação» com o futuro das Forças Armadas, declarando temer a sua «desarticulação».

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, anunciou recentemente um corte superior a 200 milhões de euros nas Forças Armadas, a partir de 2014, podendo ser reduzidos 40 milhões em 2013.

Aguiar-Branco adiantou que o Governo tem a intenção de reduzir o número de efetivos de 38 mil para 30 mil até 2020.

O titular da pasta da Defesa justifica a reforma nas Forças Armadas com a necessidade de aumentar a sua «capacidade operacional».
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