Português encontrado morto em prisão francesa uma semana antes de ser libertado - TVI

Português encontrado morto em prisão francesa uma semana antes de ser libertado

  • AR
  • 9 mai 2018, 19:17
Prisão (arquivo)

Mãe de Valentim Gonçalves, que cumpria pena por conduzir sem carta de condução, reclama justiça para o filho assassinado na cadeia de Fresnes, nos arredores de Paris

A portuguesa Filomena Gonçalves quer levar a tribunal a morte do seu filho que teria sido assassinado na noite do passado domingo para segunda-feira, na prisão de Fresnes, nos arredores de Paris, uma semana antes de ser liberto.

A cidadã portuguesa de Bragança contou à Lusa que lhe telefonaram da cadeia, na segunda-feira, para a informar que o filho, Valentim Gonçalves, de 33 anos, tinha morrido de ataque cardíaco, mas o seu advogado soube que o jovem “foi morto com uma faca no coração”.

Eu quero justiça, saber porque morreu o meu filho e porque me mentiram. Ele acabou por morrer no Hospital de la Pitié-Salpêtrière e ninguém nos avisou para o poder ver com vida. Quero fazer valer os direitos do meu filho, dos meus netos que têm 2, 9 e 12 anos e da minha nora”, afirmou.

Valentim Gonçalves tinha sido condenado a um ano de prisão por ter sido “apanhado a conduzir sem carta de condução, depois de ter sido apanhado várias vezes”, mas ia sair da cadeia a 15 de maio por “bom comportamento” e morreu alegadamente de domingo para segunda-feira, de acordo com o que responsáveis da prisão disseram à mãe.

Filomena Gonçalves acrescentou que vai ser aberto um inquérito e pediu uma autópsia que vai ser realizada pelo Instituto de Medicina Legal de Paris, cujos resultados só deverão ser entregues dentro de seis meses.

Ele já tinha dito que tinha problemas lá, mas não quis explicar. Vimos que tinha pisaduras nos braços. Como o meu filho, haverá muitos que estão lá a sofrer e que não têm ninguém”, continuou.

A Lusa contactou o centro penitenciário de Fresnes, mas não conseguiu uma reação.

Em novembro, vários advogados de pessoas detidas na prisão de Fresnes recorreram ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem para denunciar condições de detenção “desumanas e degradantes”, de acordo com a agência de notícias France Presse.

Um relatório da Controladora-Geral francesa de locais de privação de liberdade, Adeline Hazan, datado de final de 2016, indicava que Fresnes acolhe mais do dobro de presos do que o previsto e que é frequente ver mais de 25 pessoas num espaço de 45 metros quadrados”.

A 19 de abril, um relatório da Direção da Administração Penitenciária francesa indicava que as prisões francesas têm uma “sobrelotação crónica” ao acolher 70.367 pessoas face a uma capacidade para receber 59.459 e Fresnes apresenta uma taxa de ocupação de 200%.

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