Testemunha disse ter sido abusada por «rei Ghob» - TVI

Testemunha disse ter sido abusada por «rei Ghob»

Rei Ghob

Diz que acordou várias vezes na cama de Francisco Leitão «sem saber como lá tinha ido parar»

Relacionados
Geraldo Rodrigues, que foi arrolado como testemunha já durante o julgamento de Rei Ghob, o homem acusado de quatro homicídios, disse esta segunda-feira no Tribunal de Torres Vedras que foi vítima de maus-tratos e de abusos sexuais pelo arguido, noticia a Lusa.

«Fui abusado pelo Francisco Leitão», disse a testemunha, acrescentando que «várias vezes» acordava na cama do arguido «sem saber como lá tinha ido parar», equacionando a hipótese de ter bebido ou comido alguma coisa, na qual o arguido tivesse colocado alguma droga que o levaria a «sentir-se mal» e a ficar inconsciente.

Quando acordava, Geraldo Rodrigues «sentia-se dorido na zona do ânus», o que o leva a supor que tenha sido vítima de abusos sexuais.

A testemunha confirmou ainda o depoimento neste julgamento de Mara Pires, testemunha-chave no processo, segundo a qual Geraldo tinha também sido vítima de maus-tratos pelo arguido e que Ivo Delgado terá sido morto pelo arguido, uma vez que também sofria as mesmas represálias.

Geraldo Rodrigues relatou que, numa altura em que estava sozinho com o arguido dentro do carro, «ele o levou para um pinhal e foi amarrado a uma árvore», permanecendo lá quase doze horas. Num outro dia apareceu «despido amarrado à cama».

Numa outra ocasião, disse que estava no castelo com Francisco Leitão e «João da rulote», já ouvido como testemunha de defesa, tendo também sido constituído arguido, com Francisco Leitão, numa outra investigação da PJ: «O João prendeu-me as mãos e o Francisco meteu-me um rato na boca. Depois o João bateu-me com um ferro no joelho e ambos deram-me pontapés e murros», descreveu.

Face às agressões de que era vítima e às ameaças de morte por parte de «rei Ghob», Geraldo disse que optou por fugir da região, deixando de frequentar a casa do arguido e de se relacionar com ele e com outras pessoas que conheceu no castelo.

«Ele dizia que, se contasse alguma coisa, dava cabo de mim», afirmou, acrescentando que numa das vezes em que tinha sido vítima de maus-tratos chegou a mentir à polícia: «Em vez de acusar o Francisco Leitão e o "João da rulote", acusei uma pessoa amiga».

De manhã, uma outra testemunha, Dália Barata, amiga do arguido, disse, de forma pouco convincente para o tribunal de júri, que o arguido lhe confessou ter matado os três jovens, numa das vezes em que o foi visitar à prisão.

Francisco Leitão, que está a ser julgado por um tribunal de júri, é acusado de quatro crimes de homicídio e outros quatro de ocultação de cadáver, relativos às mortes de um idoso sem-abrigo, conhecido como «Pisa Lagartos» (1995), de Tânia Ramos (5 de Junho de 2008), de Ivo Delgado (26 de Junho de 2008) e de Joana Correia (3 de Março de 2010).

O arguido, tido como homossexual, terá agido sobretudo por motivos passionais, no sentido de afastar as vítimas de rapazes com quem tencionava ter uma relação amorosa, ou com o intuito de calar as vítimas sobre indícios criminais que o poderiam comprometer.

O julgamento recomeça à tarde com alegações finais.
Continue a ler esta notícia

Relacionados