Gebalis: despesas com cartões de crédito foram «em trabalho» - TVI

Gebalis: despesas com cartões de crédito foram «em trabalho»

Tribunal

Garantia foi deixada em tribunal pelo ex-presidente da empresa

O ex-presidente da Gebalis, acusado de peculato e de administração danosa, disse esta quinta-feira em tribunal que as despesas feitas com os três cartões de crédito da empresa municipal de Lisboa foram todas realizadas em trabalho.

Francisco Ribeiro, em conjunto com os ex-administradores Carla Machado e Mário Peças, terá, alegadamente, feito despesas de cerca de 200 mil euros utilizando os cartões de crédito atribuídos pela empresa para adquirir objetos de usufruto pessoal - como bens de luxo, DVD, CD e livros -, refeições, prendas e viagens.

O arguido afirmou que quando assumiu a gestão, em 2006, a Gebalis tinha um passivo de 20 milhões de euros e receitas entre os 17 e os 20 milhões. Reconheceu que pagou dezenas de almoços, muitos em restaurantes dos mais conceituados e caros de Lisboa e arredores - entre os quais uma refeição de 332 euros e outra de 358 euros -, com os cartões de crédito da empresa, mas «sempre em trabalho», mesmo «aos fins de semana e nas férias».

Fernando Ribeiro frisou que «não pediu os cartões de crédito», de três bancos diferentes, mas antes lhe foram entregues, e que tinham no total, um plafond mensal de 22.500 euros.

A presidente do coletivo de juízes da 5.ª Vara Criminal de Lisboa questionou Fernando Ribeiro sobre a razão de haver despesas de almoços superiores ao valor das rendas sociais pagas pelos inquilinos à Gebalis, e o que ia no seu espírito quando fez essas despesas, tendo em conta que a empresa tinha um passivo de 20 milhões de euros.

«No meu espírito estava a intenção de criar condições para que os bairros de Lisboa deixassem de ser guetos. Por isso, tínhamos de cativar investimento e parceiros para estes bairros. Os cartões de crédito foram utilizados ao serviço e na promoção da Gebalis, nunca em proveito próprio», disse Francisco Ribeiro, que esteve no cargo 18 meses.

Alexandra Veiga interrogou também o arguido sobre as gratificações que entregava aos funcionários. Em alguns casos chegavam a perto dos 20 euros.

«Deve ter sido lapso meu, pois normalmente deixava 10 euros», justificou Francisco Ribeiro, que tinha um ordenado de cerca de três mil euros, além de receber despesas de representação, que o arguido considerou como «um complemento do salário», subsídio de alimentação e ajudas de custo.

A Francisco Ribeiro, entre outras despesas, são atribuídas pela acusação do Ministério Público refeições pagas com cartão de crédito da Gebalis superiores a 12.000 euros, que acumulava com o subsídio de refeição. O MP atribui também ao ex-presidente da empresa gastos superiores a 2.500 euros em refeições realizadas em fins de semana, férias e feriados.

Em relação às viagens a Barcelona e à India, o ex-presidente salientou que as realizou ao serviço da Gebalis e em trabalho, e que ficou alojado nos mesmos hotéis que a restante comitiva da Câmara de Lisboa.

O arguido assumiu que comprou vários CD e dezenas de livros recorrendo ao Fundo de Caixa da empresa, entre os quais «O Grande Livro do Bebé», no valor total de 500 euros, para «uso na empresa», por causa de alguns projetos da Gebalis, além de uma máquina fotográfica e de uma lanterna.

Da parte da tarde está prevista a continuação da inquirição do ex-presidente da Gebalis e a audição da ex-administradora Clara Machado.
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