Camarate: Freitas pede averiguação aos gestores do Fundo do Ultramar - TVI

Camarate: Freitas pede averiguação aos gestores do Fundo do Ultramar

Freitas do Amaral (JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA)

«Pode ter havido razões mais do que suficientes para que alguém com propensão criminosa planeasse um atentado contra o ministro da Defesa», defendeu

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O ex-ministro Freitas do Amaral sugeriu, esta terça-feira, a averiguação de quem eram os gestores do Fundo de Defesa do Ultramar, considerando que é aí, e na exportação de armas, que pode estar a «causa da tragédia» de Camarate.

«Quem é que tinha a superintendência, por delegação do chefe do Estado Maior General das Forças Armadas sobre o Fundo de Defesa Militar do Ultramar? Quem foram os membros do seu conselho administrativo no ano de 1980? Quem era os outros funcionários, que movimentavam a contabilidade e a tesouraria? Quem é que movimentava a conta regular e quem é que movimentava a conta irregular?», questionou.

Freitas do Amaral, que falava na 10.ª comissão de inquérito ao caso Camarate na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros do VI Governo, presidido por Francisco Sá Carneiro, frisou que a auditoria feita em 2005 pela Inspeção Geral das Finanças detetou irregularidades - com movimentos de «milhões de contos» feitos com apenas uma assinatura e que não constam os registos da contabilidade oficial.

«No relatório, a inspeção-geral das Finanças teve o cuidado de contar tudo mas nunca pôs nomes em ninguém», disse, considerando «estranho» que desde aí, 2005, ninguém tenha tentado saber quem eram os autores das irregularidades.

«Eu penso que é razoável pensar que isto devia ser aprofundado e pensar que, ou do lado do Fundo, ou do lado da exportação ilícita de armas, ou de ambos, se é que estavam ligados, pode ter havido razões mais do que suficientes para que alguém com propensão criminosa planeasse um atentado contra o ministro da Defesa», defendeu.

O ex-governante acrescentou que, se se passava algo irregular, o facto de o ministro da Defesa estar «a tentar meter o nariz neste assunto e estar a progredir no sentido de obter mais e mais informação deve ter assustado muitas pessoas que estavam envolvidas no tráfico ilícito de armas e munições».

«Aí pode estar efetivamente a causa do acidente», reforçou. Freitas do Amaral admitiu até a possibilidade do fundo existir ainda, frisando que o decreto «não prevê um prazo ou um mecanismo para o parar» optando por redefinir as suas finalidades.

Quem redigiu o diploma, disse, «deve ter sido um jurista muito inteligente, porque conseguiu passar uma ideia que não corresponde ao que lá está».

A 10.ª comissão de inquérito ao caso Camarate visa averiguar as «causas e circunstâncias em que, no dia 4 de dezembro de 1980, ocorreu a morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, do ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, e dos seus acompanhantes».
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