Cafés onde se pode fumar têm ar contaminado

Uma investigação realizada em restaurantes e cafés de Braga concluiu que nos locais que permitem o fumo do tabaco o ar é contaminado e não cumpre os valores estipulados na lei.

Em declarações à Lusa a propósito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala esta segunda-feira, José Precioso, da Universidade do Minho, explicou que a investigação é uma «extensão» de um estudo realizado em 2008, que verificava os estabelecimentos que aderiam, ou não, a serem locais de fumadores, na sequência da alteração da lei.

Com a nova Lei do Tabaco, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2008, passou a ser proibido fumar nos espaços públicos, locais de trabalho, unidades de saúde, estabelecimentos de ensino e locais como museus, centros comerciais, aeroportos e meios de transporte.

Nos restaurantes, as excepções estão condicionadas à dimensão dos locais e à criação de espaços próprios para fumadores devidamente sinalizados e separados fisicamente das restantes instalações ou com dispositivos de ventilação e sistema de extracção de fumo directamente para o exterior.

Dos espaços para fumadores analisados em Braga, foram escolhidos seis - dois restaurantes, dois cafés, um bar e uma discoteca - que se constatou «não terem condições para permitir o fumo».

«Continua a haver uma elevada contaminação do ar nesses locais» quando a lei exige a instalação de dispositivos que removam completamente a presença de fumo, lembrou.

«O que revela que não estão a cumprir a lei, caso contrário não se sentia a presença da nicotina», informou o coordenador do estudo, que conta com a participação do Instituto Catalão de Oncologia e Agência de Saúde Pública de Barcelona. O estudo, feito entre Junho e Julho de 2009, faz parte de uma investigação europeia.

A presença de nicotina sugere que os dispositivos ou não estão ligados ou não são eficazes: «Nós sabemos que, em teoria, é praticamente impossível remover o fumo do tabaco. Só há uma via, que é proibir completamente o consumo nos edifícios.»

O especialista afirmou ainda que a monitorização feita é «muito complicada e morosa», por isso qualifica de «muito difícil a fiscalização», excepto quando não existe qualquer aparelho de extracção.

Também em tribunal, os processos podem ser difíceis de comprovar, uma vez que, entre várias justificações, o «proprietário pode alegar que o fumo veio da esplanada, como realmente pode acontecer, ou alegar que o equipamento que tem não está a funcionar bem».

«Cientificamente, o que demonstrámos, mesmo com uma amostra reduzida, foi que nos locais que permitem que se fume há presença de nicotina e o ar está poluído», resumiu.

O Dia Mundial Sem Tabaco

O Dia Mundial sem Tabaco assinala-se esta segunda-feira com várias iniciativas pelo país para sensibilizar a população para os malefícios do tabaco e alertar para o crescente aumento do número de mulheres fumadoras.

O tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para celebrar a efeméride - «O Tabaco e o género, com ênfase para publicidade dirigida às mulheres» - visa chamar a atenção para as estratégias utilizadas pela indústria do tabaco para aumentar o consumo dos seus produtos por parte das mulheres.

Segundo a OMS, dos mil milhões de fumadores no mundo, cerca de 200 milhões são mulheres.