Adesão à greve nos hospitais é "praticamente de 100%" - TVI

Adesão à greve nos hospitais é "praticamente de 100%"

  • AR - Notícia atualizada
  • 27 out 2017, 07:37

Os serviços estão nos mínimos, vai ser uma grande greve, dizem sindicatos

A greve geral de 24 horas da Função Pública decretada pela CGTP, no que diz respeito à Saúde, apresenta a Norte "números próximos dos 100%", disse esta sexta-feira à Lusa o coordenador do Sindicato da Função Pública do Norte.

Com início às 20:00 de quinta-feira, o primeiro balanço surgiu perto da meia-noite, numa iniciativa junto ao Hospital Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, em que a CGTP difundiu os primeiros números da paralisação.

Nestas quatro primeiras horas, na área da saúde temos paralisações muito perto dos 100% nos hospitais São João, no Porto, Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, bem como em Braga, Barcelos, Guimarães, Famalicão e Chaves", descreveu Orlando Gonçalves.

Também a coordenadora da Frente Comum de sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, considerou esta sexta-feira que a adesão nos hospitais, com vários a 100% nas primeiras horas, é indicativa que a participação na greve geral será elevada.

A dirigente sindical, que prestou declarações à porta do Hospital de São José, em Lisboa, referiu que o início de greve está a ser “muito bom”.

Tendo em conta os objetivos da greve e o sentimento que grassa na administração pública, o descontentamento vai levar a que a participação seja muito grande”, disse.

A repórter da TVI Carmen Marques constatou no local, às primeiras horas da manhã, que salas de espera com doentes sem saberem se iam ter consulta ou realizar exames marcados há vários meses, marcavam o ambiente no Hospital de São José.

Sobre o hospital de São José, Ana Avoila afirmou que no hospital de São José a adesão à greve é de 100%, tal como na Estefânia ou nos hospitais em Braga, Bragança, Famalicão e Guimarães.

“No Porto, só há os serviços mínimos. O Garcia de Orta, em Almada, o Barreiro e os hospitais de Coimbra também estão com o mesmo nível de adesão”, afirmou.

No hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, a adesão é de 95%, em Santa Maria de 80% e na Maternidade Alfredo da Costa de 75% , enquanto que no Amadora-Sintra a adesão é de 100%, sendo considerado pela dirigente sindical como um “sítio muito difícil” de conseguir estes níveis.

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Ana Avoila disse que o Orçamento do Estado fica “muito muito aquém do necessário” no momento.

O que vem é muito pouco. Fica tudo congelado exceto uma parte das progressões nos escalões, é mais aquilo que tiram do que aquilo que dão”, concluiu.

Na mesma linha, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, prevê uma grande adesão à greve desta sexta-feira porque os “trabalhadores sentem-se injustiçados” e apenas “querem o essencial, que é o reconhecimento da sua capacidade profissional”, apontando, concretamente, à “atualização dos salários”.

O líder sindical marcou presença logo pela manhã junto ao Hospital de Vila Nova de Gaia, onde fez um balanço da adesão à comunicação social e explicou os motivos para a greve geral, que passa por afastar um regresso à “política de recessão”.

O sindicalista antecipou que “todos os serviços em geral [serão afetados], um pouco por todo o lado”, sendo a saúde um dos mais visado.

Arménio Carlos esclareceu, contudo, que os serviços mínimos nos hospitais estão a ser cumpridos, porque “os sindicatos CGTP asseguram estes serviços” e não “colocam em causa a vida das pessoas”.

Pediu ao Governo para “olhar de outra forma” para as reivindicações da CGTP, para que “se possam encontrar soluções”, adiantando que “não basta discutir” e que é “preciso que surjam resultados”.

Não queremos voltar à política da recessão. Não queremos que os trabalhadores continuem a ser secundarizados. O Governo tem que ir mais longe em relação à valorização dos trabalhadores e à distribuição de rendimento. Nós não queremos guerra. Quem está a fazer greve vai descontar um dia de salário”, disse, sublinhando ainda que há trabalhadores no Hospital a receberem o salário mínimo.

Arménio Carlos afirmou que o problema “não é o dinheiro”, dando como exemplo as despesas do Estado com as parcerias publico-privadas, nomeadamente “em rodoviárias e saúde”.

“No Fundo de Resolução estão previstos 850 milhões de euros para continuar a financiar os bancos privados, depois de tudo o que se passou e num momento em que esses bancos estão a apresentar lucros, justifica-se que o lucro seja distribuído por esses acionistas e que os portugueses continuem a pagar com os seus impostos as fraudes e a má gestão da banca? Temos muitas áreas onde se pode poupar e também investir”, deu também como exemplo.

Em causa na greve nacional está a falta de respostas às reivindicações da Frente Comum, como o aumento dos salários na função pública, o descongelamento "imediato" das progressões na carreira e as 35 horas semanais para todos os trabalhadores.

Esta é a segunda greve nacional dos trabalhadores da Administração Pública com o atual Governo e a primeira convocada pela Frente Comum de Sindicatos, segundo a listagem cedida pela estrutura sindical.

A primeira greve com o executivo de António Costa ocorreu em 29 de janeiro de 2016 e foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública. Em causa estava a reposição das 35 horas semanais de trabalho.

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