«Máfia do Oeste»: principal arguido acusa polícia de mentir - TVI

«Máfia do Oeste»: principal arguido acusa polícia de mentir

Tribunal

Italiano Geovanni Lo Re nega acusações e diz que todos os negócios que realizou foram legais

Relacionados
O principal arguido do grupo conhecido por «máfia do Oeste» negou, nesta segunda-feira, todos os factos que lhe são imputados pela acusação do Ministério Público (MP) de Leiria e acusou a polícia de estar a mentir.

Após dois sucessivos adiamentos, o julgamento dos alegados membros da «máfia do Oeste» começou hoje no Tribunal Judicial de Leiria, onde durante todo o dia o coletivo de juízes e o procurador da República questionaram Geovanni Lo Re sobre os factos de que é acusado.

O italiano negou ter uma sociedade com qualquer um dos arguidos envolvidos no processo e assegurou que todos os negócios que realizou foram legais, salientando que passou todas as faturas e pagou o IVA referente às mesmas.

O arguido afirmou ainda que tem «provas e documentos da compra e venda de todas as transações» efetuadas, que «serão anexadas ao processo» pela sua representante.

Geovanni Lo Re reforçou que «99 por cento do que tem sido dito no tribunal é mentira». E acrescentou: «tudo o que está aí [despacho de acusação do MP] são mentiras dos polícias. Eles apresentaram um monte de faturas e dizem que são falsas.»

O julgamento foi marcado por diversas advertências da juíza presidente ao arguido, ameaçando-o de o colocar fora da sala por este falar ao mesmo tempo do que os magistrados e a tradutora.

Após ter sido confrontado com várias perguntas do procurador do MP, Geovanni Lo Re recusou continuar a prestar declarações.

«Estão sempre a fazer as mesmas perguntas e estou a ficar farto. Estão sempre à volta do mesmo, por isso não falo mais», comunicou.

A advogada do italiano, Lídia Marques, anunciou que vai juntar aos autos documentos que provam a inocência do seu cliente. Sobre as alegadas ligações à máfia, disse tratar-se de «uma fantasia».

O coletivo de juízes aceitou ainda o pedido da defesa de Antonino Pisciotta - ausente no julgamento - e ordenou que seja julgado num processo autónomo, uma vez que nunca foi notificado.

Já em relação a Danielle Cammarata - que também não compareceu -, recusou o pedido de separação de processos, uma vez que «se encontra devidamente notificado» e o «tribunal não dispõe de qualquer razão para considerar absolutamente imprescindível a sua presença, desde o início da audiência, para a descoberta da verdade».

Em julgamento estão quatro italianos e três portugueses detidos numa operação da Polícia Judiciária a 21 de outubro de 2010, na zona de Bombarral e Torres Vedras, acusados dos crimes de associação criminosa e burlas qualificadas, que terão lesado 20 empresas em 1,5 milhões de euros.

Segundo o MP, o líder do grupo é Geovanni Lo Re, que possui um mandado de detenção europeu por supostas ligações à máfia siciliana e sobre o qual recaem as mesmas acusações imputadas aos restantes arguidos: burla qualificada, falsificação de documentos, associação criminosa, recetação e abuso de confiança.

O esquema montado passava por obter mercadoria a crédito junto de outras empresas europeias que nunca chegariam a receber o dinheiro, pode ler-se na acusação do MP.

Já em Portugal, os produtos eram escoados, no mínimo, a 30 por cento abaixo do valor de mercado, através de uma empresa sediada em Torres Novas, que é também arguida neste processo.

A próxima sessão está marcada para 13 de setembro, quinta-feira, com a audição de um dos arguidos portugueses.
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE