Militar alvejado por barricado recebe indemnização - TVI

Militar alvejado por barricado recebe indemnização

Homem continua barricado em Sobral do Monte Agraço1

Sobral de Monte Agraço: caso registou-se em 2006

João Ferreira, o guarda da GNR que ficou cego em 2006 depois de alvejado a tiro por um barricado em Sobral de Monte Agraço, Lisboa, recebeu agora do Governo uma indemnização por invalidez de 89 mil euros.

Em declarações à agência Lusa, João Ferreira recordou o dia da agressão e relatou todo o processo desde então, que levou à condenação do agressor a 16 anos e seis meses de cadeia e ao pagamento de uma indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais de cerca de 75 mil euros, que ainda está por pagar.

O militar da GNR, que continua ao serviço na investigação criminal no Destacamento de Vila Franca de Xira, relatou à Lusa que o Ministério da Administração Interna (MAI) aprovou quinta-feira um pedido de Compensação Especial por Invalidez Parcial Permanente, no valor de 89.511, 82 cêntimos, que será paga entretanto.

Esta compensação financeira foi solicitada ao Estado ao abrigo do decreto-lei 113/2005, de 13 de Julho, que criou um «novo regime de compensação por invalidez permanente ou morte directamente decorrente dos riscos próprios da actividade policial».

Ferimentos permanentes

João Ferreira, que do tiro de caçadeira que levou na cara a 16 de Janeiro de 2006 ficou cego da vista esquerda, com perda de força no braço direito, com epilepsia e sem olfacto.

O guarda da GNR deu entrada no hospital em estado considerado grave, com feridas e fracturas múltiplas em todo o lado esquerdo da face e do crânio e foi «longo o processo» de recuperação.

O militar da GNR, que completa este mês 30 anos, aguarda ainda uma outra indemnização do Ministério da Justiça, de apoio às vítimas de crimes violentos, no valor de cerca de 30 mil euros, e que o agressor lhe pague os 75 mil euros a que foi condenado pelo Tribunal de Torres Vedras, processo que está em fase de execução e poderá entrar em penhora de bens do agressor.

Três anos depois, o militar contou à Lusa que se sente agradecido à tutela e à guarda por todo o apoio que lhe deram e sente que foi feita Justiça com a condenação de 16 anos e seis meses a que agressor foi condenado, «superior à aplicada a alguns crimes de homicídio».

Ferreira, como é tratado na GNR, diz já ter ultrapassado o sucedido, pois até já «brinca com os colegas sobre o assunto», mas não esquece o que aconteceu naquele dia de Janeiro e do disparo de caçadeira, a menos de três metros, que o atingiu na cara e a um colega no ombro.

«Preferia que não tivesse acontecido, felizmente consegui ultrapassar o assunto e a vida continua. Tenho muito orgulho de continuar na Guarda e na investigação criminal, onde estou desde 2003», confidenciou.

Mandado de busca

João Correia recordou à Lusa que ele e outros militares da GNR se deslocaram a 16 de Janeiro de 2006 à casa de Manuel Cardoso, no lugar de Adega, em Sobral de Monte Agraço, para cumprir um mandado de busca relacionado com o filho do agressor, por suspeitas de furto de viaturas e assalto a residências.

Após insistentes tentativas para que abrissem a porta, os homens da GNR receberam ordem judicial para a arrombarem e após avisarem o morador entraram e foram recebidos por Manuel Cardoso a disparos de caçadeira.

O agressor, na altura com 54 anos, barricou-se de seguida e só se entregou às autoridades 28 horas depois, sem oferecer resistência, após um longo período de negociações que envolveram equipas especializadas da GNR.

Manuel Cardoso, padeiro de profissão, tinha já antecedentes criminais e já tinha sido condenado por homicídio. Cumpre agora nova pena de prisão na cadeia das Caldas da Rainha.
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