Juiz de Alexandra fala pela primeira vez - TVI

Juiz de Alexandra fala pela primeira vez

Gouveia de Barros admite «desconforto» com imagens divulgadas e revela-se «perturbado e surpreendido»

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O juiz do Tribunal da Relação de Guimarães falou esta quinta-feira pela primeira vez sobre a decisão de devolver Alexandra à mãe biológica. Gouveia Barros admitiu que se sentiu «perturbado, incomodado e surpreendido» com as imagens divulgadas em que a menina russa aparece a levar palmadas da mãe. O responsável pela decisão polémica diz ainda que o caso o afectou «pessoalmente».

O responsável pela viagem de Alexandra para a Rússia defende-se da decisão que tomou e diz que não havia no processo dados que indicassem a realidade em que Alexandra agora vive. «Não havia nada no processo que apontasse para aquilo», diz, em declarações aos jornalistas numa conferência de imprensa improvisada.

Alexandra: Conselho averigua declarações do juiz

O juiz admite que Natália Zarubina «não interiorizou alguns valores importantes», mas admite, segundo o Expresso, que a criança já se tinha queixado de agressões físicas, mas que isso não é «o suficiente para separar uma mãe de uma filha». Gouveia Barros declara ainda que «a lei defende a manutenção da mãe biológica com a criança. E mesmo que soubéssemos que ela era prostituta não era motivo, por si só, para as separar», assinalando que no processo não ficou provado que Natália Zarubina fosse alcoólica.

Confrontado com expressões do acórdão, o juiz admite que pode ter pecado por excesso em algumas declarações, admitindo uma «auto-crítica», mas ao mesmo tempo justifica que «só pode contar com o que lá está [no processo]». Já no despacho que permitiu que Alexandra fosse obrigada a regressar à Rússia, o juiz considera que Florinda, a mãe de acolhimento, tem uma «obsessão maternal».

Gouveia Barros considerava inaceitável que Florinda usasse o argumento de querer ser mãe de uma menina, apenas porque já tinha dois rapazes. «Fiquei chocado. A minha animosidade por Florinda vem daí, confesso. Mas penitencio-me por isso. Até porque a vi a falar na televisão e apercebi-me que não é a mesma pessoa que julgava. As declarações dela, da altura, foram mal vertidas para o papel», declarou ao Expresso, admitindo que o caso o «afectou pessoalmente».

Confrontada com a «animosidade» do juiz, Florinda Vieira, responde, também em declarações à SIC, que não disse em tribunal que «sempre quis ter uma menina», uma vez que só tinha dois rapazes. «Quando casei planei ter dois filhos», disse, alegando que «quando me deram a Alexandra nunca pensei em adopta-la».

«Em Portugal também levou palmadas»

Natália Zarubina, a mãe biológica de Alexandra, explicou, em declarações à SIC, porque deu palmadas à filha em frente às câmaras de televisão. A mãe biológica justifica o correctivo com o «mau comportamento» da menor e alega que em Portugal Alexandra também levou palmadas.

«Eu dei uma sapatada e há logo problemas. Sou um monstro ou quê?», declarou Natália que não admite que bebia, mas justifica o alegado comportamento alcoólico com a raiva que tinha «como todos os portugueses». A cidadã russa diz que o casal de acolhimento «pagou à juíza que lhes entregou a filha» e que neste momento tem condições para criar Alexandra, acrescentado que a menina «está bem, está a brincar com flores».

«Sentença de morte»

O pai de acolhimento de Alexandra, João Pinheiro, afirmou em reacção às declarações do juiz que a decisão foi «política» e que aconteceu porque «são muito pequenos». O «pai» indignado diz ainda que a decisão do foi uma «sentença de morte», alegando que «há imagens muito piores» que mostram maus tratos a Alexandra. «Se não a tirarem daquela casa, vocês vão ver aquela menina desaparecer, até mesmo morrer».

O ministro da Justiça, Alberto Costa, reagiu esta quinta-feira ao caso mediático admitindo que como «cidadão» se sentiu «incomodado» com as imagens das palmadas.
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