No Algarve, utentes legitimam greve dos médicos - TVI

No Algarve, utentes legitimam greve dos médicos

Algumas cirurgias programadas foram adiadas, bem como consultas de várias especialidades

A revolta perante a crise minimizou os protestos dos utentes durante a greve de hoje dos médicos em muitos centros de saúde e hospitais, que tiveram menos gente que o habitual.

«Eu sou médico e faço greve porque...»

«Numa situação de crise, em que cada vez mais estamos a ser afetados nas nossas condições sociais, é de todo legítima a luta pelos direitos de todas as classes», disse à Lusa Rosa Silva, enquanto aguardava pela sua vez para ser atendida no hospital do Barlavento, em Portimão, onde foram adiadas algumas cirurgias programadas e consultas de várias especialidades.

Na sala de espera, eram muitas as pessoas que aguardavam pela consulta e que mais tarde saíram devido à ausência dos médicos.

As pessoas sabiam da greve de dois dias, mas mesmo assim deslocaram-se ao hospital na esperança de poderem ser atendidas, apesar de reconhecerem como legítima a paralisação dos clínicos.

Na base deste protesto, durante o qual estão assegurados os serviços mínimos, como se fosse feriado ou domingo, estão 20 reivindicações dos clínicos, entre as quais o fim do concurso de aquisição de serviços médicos.

No pré-aviso de greve, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) recusam «as múltiplas e graves medidas governamentais de restrição no acesso aos cuidados de saúde».

Os clínicos identificam como um dos objetivos deste protesto a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo consta do pré-aviso da greve, os trabalhadores médicos devem garantir a prestação dos cuidados de quimioterapia e radioterapia, de diálise, urgência interna e indispensáveis para a dispensa de medicamentos de uso exclusivamente hospitalar.

Devem igualmente ser assegurados os serviços de imunohemoterapia com ligação aos dadores de sangue, recolha de órgãos e transplantes e os cuidados paliativos em internamento.

Na Guarda, um médico não fez greve

A norte, no centro de saúde de Bragança, e numa extensão de saúde do interior da Guarda, os médicos costumam avisar se fazem greve e por isso as surpresas são menores. Quem sabia que tinha médico, foi à consulta.

«Eles costumam avisar», disse à Lusa Maria Afonso, acabada de chegar ao Centro de Saúde de Santa Maria, em Bragança, com a filha grávida para uma consulta confirmada pelos administrativos, assim como Sónia Pires que levou a filha pequena à médica sem saber da greve, mas sem ser afetada por ela.

A greve dos médicos não apanhou desprevenidos os utentes do centro de saúde transmontano, que, ao início da manhã, possuía as salas de espera vazias, apesar de haver consultas marcadas.

No módulo A, às 08h30 não havia nem médicos, nem doentes, apenas dois funcionários, perante «uma situação que não é normal», como constatou a Lusa no local.

No segundo módulo desta unidade de saúde, cinco pessoas aguardavam na sala de espera e não perderam o dia, já que duas médicas estavam ao serviço logo ao início da manhã.

Os utentes que iam chegando e que a Lusa ouviu, dirigiam-se para este módulo e, embora alguns desconhecessem que médicos iniciaram uma greve de dois dias, não tiveram de voltar para casa sem ser atendidos.

Na Extensão de Saúde de Gonçalo, no concelho da Guarda, o médico de serviço não aderiu à greve, deixando os utentes satisfeitos.

«O senhor doutor já aqui está desde 2001 e nunca me lembro de fazer greve», disse à Lusa a funcionária que abriu a porta antes das 09h00, para dar início ao processo administrativo das consultas do dia.

O clínico chegou pelas 09h40 para atender, durante a parte da manhã, cerca de uma dezena de utentes daquela vila.
Continue a ler esta notícia