PSP e GNR não querem "ajudar" Governo a "furar" greve dos motoristas - TVI

PSP e GNR não querem "ajudar" Governo a "furar" greve dos motoristas

  • CE
  • 8 ago 2019, 10:45

Governo chamou motoristas de pesados da PSP, GNR e militares das Forças Armadas para uma formação de forma a torná-los aptos a conduzir veículos de matérias perigosas, para o caso da greve dos motoristas avançar

Os Profissionais da Guarda vão enviar um ofício ao Governo manifestando o descontentamento pelo facto da GNR ter sido chamada aos serviços mínimos da greve dos motoristas para a condução dos camiões de matérias perigosas.

Certamente vamos enviar um ofício ao Governo a mostrar a nossa posição. Em primeiro lugar a questão nem está em que eles [guardas] não estejam aptos ou não tenham a formação adequada. Mas utilizam guardas para fazer uma coisa que não devem fazer”, começou por explicar à Lusa o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda.

Segundo César Nogueira, existem “os serviços mínimos e até a requisição civil, que quando se faz é com pessoas que fazem disso um modo de vida. Não se chamam polícias para conduzir camiões, ainda mais com matérias perigosas, isso não aceitamos”.

César Nogueira ironizou ainda ao colocar a hipótese de numa greve de enfermeiros serem os guardas a fazerem os serviços mínimos.

O Governo chamou motoristas de pesados da PSP, GNR e militares das Forças Armadas para uma formação de forma a torná-los aptos a conduzir veículos de matérias perigosas em caso de greve dos motoristas, prevista para 12 de agosto.

Aquilo que temos conhecimento e a informação que nos chegou no dia de ontem [quarta-feira] é diferente do que nos foi transmitido. Vão lá adaptar-se ao veículo, ao camião, não vão tirar qualquer tipo de formação”, avançou à Lusa César Nogueira.

Embora desconhecendo o número de guardas envolvidos na formação, César Nogueira esclarece que alguns dos associados não concordam com o que está a acontecer, dado que pensavam que iam tirar a formação ADR [certificado para motoristas de matérias perigosas] necessária para conduzir este tipo de camiões e “não foi isso que foram lá fazer”.

No Alentejo foram lá 20 minutos ouvir um senhor de uma empresa dar uma palestra e foram-se embora. Alguns guardas conduzem regularmente, mas outros tiraram cartas de pesados quando entraram para a guarda e nunca mais conduziram um camião”, disse, alertando ainda que vão transportar combustível “e não estão aptos para isso, para manusear” matérias perigosas.

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, esteve em direto ao telefone na manhã informativa da TVI24, e mostrou-se contra a medida do Executivo. Alegou que a missão destes profissionais é a segurança pública e que não "deveriam fazer esse serviço"

A ser verdade, considero que os profissionais da polícia não deveriam fazer esse serviço. Primeiro porque não estão habilitados para tal, segundo porque não é uma missão que nos compete desenvolver, nós desempenhamos uma missão de segurança pública", disse Paulo Rodrigues à TVI24.

O Governo decretou na quarta-feira serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado.

Os serviços mínimos serão de 100% para abastecimento destinado à REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, portos, aeroportos e aeródromos que sirvam de base a serviços prioritários, bem como para abastecimento de combustíveis para instalações militares, serviços de proteção civil, bombeiros e forças de segurança.

Para abastecimento de combustíveis destinados a abastecimento dos transportes públicos foram decretados serviços mínimos de 75% e nos postos de abastecimento para clientes finais os serviços mínimos são de 50%.

Também na quarta-feira o Governo decretou, preventivamente, estado de emergência energética, no âmbito do pré-aviso de greve, permitindo a constituição da REPA, com 54 postos prioritários e 320 postos de acesso público.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que acusam a associação patronal Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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