Guardas de Caxias "querem saber se houve envolvimento na fuga de reclusos" - TVI

Guardas de Caxias "querem saber se houve envolvimento na fuga de reclusos"

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  • 8 mar 2017, 15:00
Guarda prisional

Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional exige divulgação do inquérito à fuga de dois chilenos e um português da prisão

O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional exigiu esta quarta-feira que o inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu a fuga de três reclusos da prisão de Caxias seja tornado público.

Três reclusos, dois chilenos e um português, fugiram no dia 19 de fevereiro do Estabelecimento Prisional de Caxias, através da janela da cela que ocupavam, tendo dois sido capturados em Espanha. O recluso português continua fugido das autoridades.

A fuga mereceu a instauração de um processo de averiguações, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral, e o incidente está a ser investigado num inquérito.

O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves, disse esta quarta-feira esperar que os resultados do processo de inquérito sejam divulgados para que a verdade seja apurada.

“O que nos foi dito pelo diretor-geral [dos Serviços Prisionais] é que o processo de inquérito da Direção-Geral está suspenso até à conclusão do processo que poderá estar no Ministério Público”, disse Jorge Alves aos jornalistas durante a vigília promovida hoje pelo sindicato, que decorreu em frente da Direção-Geral dos Serviços Prisionais.

Contudo, lamentou o sindicalista, “ninguém diz com precisão que está a decorrer um processo de inquérito”.

“Nós esperamos que esteja e foi isso que ontem [terça-feira] pedimos ao senhor diretor-geral”, porque “todos queremos que, para o apuramento da verdade, esse inquérito seja público”, defendeu.

 

“Se efetivamente existe alguém do corpo da guarda prisional que está envolvido ou que permitiu a fuga dos reclusos, os guardas de Caxias querem saber”, porque, se calhar, “hoje estão a cumprimentar essa pessoa que não merece ser cumprimentada e ser reconhecida dentro daquele grupo”, sustentou.

De acordo com Jorge Alves, esta fragilidade resulta do facto de não darem “a competência e a capacidade ao corpo da guarda prisional para poder controlar de forma mais eficaz um sistema” que “devia permitir às pessoas que lá estão” uma reabilitação que permita que não voltem à criminalidade quando são libertados.

Lamentou ainda que, mais de duas semanas depois da fuga dos reclusos, “continue tudo igual”.

“Os guardas que estiveram de noite e se sujeitaram àquela pressão” e às insinuações de “diversas declarações ainda não foram ouvidos em qualquer processo de inquérito, quer interno”, quer da Polícia Judiciária ou do Ministério Público,

O sindicalista frisou que os guardas não querem “fugir à verdade”, querem é entender o que se passou, para “perceber se é preciso fazer alguma coisa, porque existem muitos problemas nas cadeias”, que envolvem corrupção.

“Temos guardas prisionais que já foram presos, temos funcionários da alimentação, de vários setores, agora uma advogada recentemente e isso só mostra as fragilidades do sistema”, adiantou.

A secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Ribeiro, garantiu, em declarações recentes, que nem o Ministério da justiça nem a Direção Geral dos Serviços Prisionais "pretendem fugir às suas responsabilidades" e que a investigação da fuga servirá para que se possa "extrair lições tão depressa quanto possível".

"É um problema que é evidentemente negativo e que nos faz pensar e por isso instaurámos um inquérito para verificar como foi possível ocorrer, sendo que não são factos inéditos", disse Helena Ribeiro.

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