“A maionese magra tem mais açúcar do que a maionese comum” - TVI

“A maionese magra tem mais açúcar do que a maionese comum”

A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão máxima diária de 25 gramas de açúcar. Mas todos ingerimos mais do que isso

“Guerra a Açúcar” é o nome do livro de Sónia Marcelo. A nutricionista esteve, esta sexta-feira, na TVI24 para falar sobre o mesmo e sobre alguns mitos em relação ao açúcar existente nos alimentos. A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão máxima diária de 25 gramas de açúcar, mas o valor é quase sempre ultrapassado, por todos.

“Todos fazemos um consumo excessivo, mesmo que não saibamos ou pensemos que não porque vamos consumir produtos light ou magros. Mas a verdade é que, mesmo esses produtos, nos vão fornecer uma quantidade superior de açúcar, do que aquela que nós estaríamos à espera”, explica a nutricionista.

Sónia Marcelo deixa um alerta: “às vezes, os produtos light têm mais açúcar que a linhas normais”. A especialista dá um exemplo simples:

“Na maionese magra, quer dizer que houve uma redução de gordura, cerca de 30% relativamente à maionese comum. No entanto, ela tem mais açúcar que a normal. Sempre que a indústria retira um dos nutrientes, acaba por colocar mais do outro para dar sabor. Temos um contrassenso neste tipo de produtos”

Ficam aqui alguns fatos que podem surpreender e que constam do livro da nutricionista:

Sabia que 100 gramas de bolacha Maria tem mais açúcar que uma bola Berlim? Sabia que uma barra fitness contém mais açúcar que um pão de leite? Sabia que os gelados feitos com iogurte têm mais açúcar do que os gelados sem iogurte?

Uma das formas de combater o excesso de açúcar está na eliminação do consumo de comidas processadas. Um desses caminhos é cozinhar em casa, com produtos naturais biológicos e “controlando o açúcar adicionado”. 

“Se em vez de comprarmos uma granola no supermercado, que está cheia de açúcar, fizermos uma granola em casa, conseguimos controlar melhor os ingredientes. Juntar aveia, frutos secos, um bocadinho de mel. Assim vou conseguir adocicar e fazer uma granola saudável, sem colocar uma grande quantidade de açúcar”

De uma coisa Sónia Marcelo não tem dúvidas. “Infelizmente damos demasiado açúcar às nossas crianças” e, às vezes, os motivos são emocionais.

“Temos pena… coitadinha é só um bocadinho de doce, porque ela até vai comer um iogurte natural, que não tem açúcar, é amargo e não sabe bem. Tendemos, pais e avós, e acho que aqui os avós têm um papel pior, a mostrar carinho através da alimentação. Acabam por encharcar as crianças com alimentos processados e cheios de açúcar.”

Na verdade, o açúcar que comemos não é só o branco e amarelo associado a pacotes. 

“A fruta tem açúcar, os vegetais têm açúcar, os lacticínios tem açúcar. Com uma alimentação saudável e equilibrada conseguimos ingerir açúcar no nosso dia-a-dia, o que precisamos, sem ser o açúcar adicionado."

Pegando no título do livro – “Guerra contra o açúcar” – a nutricionista garante que a sua “guerra é contra o açúcar simples, adicionado e os alimentos processados”.

“O que faz mal é o excesso. Não sou fundamentalista, não é minha intenção que todas as pessoas abdiquem do açúcar, mas devemos no dia-a-dia, ter atenção às quantidades que consumimos.”

As consequências do consumo excessivo de açúcar são muitas e chegam a médio e longo prazo. Por isso mesmo, Sónia Marcelo lembra que este excesso está, por exemplo, “associado a doenças cardiovasculares, a neoplasias - porque as células cancerígenas vão se alimentar do açúcar – e tem também ligações à doença de alzheimer. Há uma grande variedade de doenças crónicas associadas, não é só a obesidade e o excesso de peso”.
 

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