"A relação especial e intensa entre dois países" - TVI

"A relação especial e intensa entre dois países"

  • Redação
  • PP (atualizada às 23:14)
  • 28 nov 2016, 21:18

Reis de Espanha prestaram homenagem a Afonso Henriques num jantar oferecido por Marcelo nos Paços dos Duques de Bragança, em Guimarães. Monarcas foram recebidos com euforia por centenas de pessoas. Filipe VI destacou relação entre Portugal e Espanha

O rei de Espanha apontou a relação "especial e intensa" que une o seu país e Portugal, salientando a "vocação comum" para exercerem um papel "construtivo e positivo" em assuntos de "impacto global".

Em Guimarães, a discursar no início de um banquete oferecido pelo Presidente da República no Paço dos Duques de Bragança, Filipe VI destacou "a esperança" com que Portugal e Espanha "olham juntos o futuro", lembrando o caminho feito em conjunto na integração europeia e o "impulso conjunto" na construção de uma comunidade Ibero-americana.

A discursar depois de Marcelo Rebelo de Sousa, o monarca espanhol lembrou a eleição do ex-primeiro-ministro português António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas, destacando que aquele é o "primeiro peninsular" a assumir uma "responsabilidade mais universal" numa instituição.

"Nos atos de hoje e dos próximos dias concretiza-se a relação especial e intensa entre dois países e duas sociedades que se respeitam, se gostam e que olham juntos o futuro com esperança", afirmou Filipe VI.

O monarca lembrou a presença do casal real na tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente e a visita deste a Madrid, momentos que considerou que "mostram o calor, proximidade e frequência" da relação que "sempre" caracterizou as relações dos chefes de Estado de ambos os países.

"Juntos, há quase 30 anos, começamos o processo de integração europeia, essa Europa que tanto nos tem dado e para a qual tanto temos contribuído", disse, num discurso, que começou e terminou em português.

"Também juntos impulsionamos a Comunidade ibero-americana, em 1991, com os países americanos nossos irmãos. Há apenas algumas semanas, aquando da XXV Cimeira Ibero-americana em Cartagena das Índias, vimos a vitalidade e o enorme potencial que tem a nosso vocação comum e desejo de continuar a desempenhar um papel constritivo e positivo, fiel À nossa história e cultura e de crescente relevância para a comunidade internacional e para a concertação nos grandes assuntos de impacto global", explanou.

A eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU mereceu também destaque por parte do rei de Espanha: "A convicção com que Portugal e Espanha militam no campo do multilateralismo evidenciou, permitam-me acrescentar e sem esconder a nossa alegria por isso, na sabia eleição de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas", declarou.

Filipe VI, que lembrou a "agenda cheia" desta visita a Portugal, citou ainda Gregorio Maranon para ilustrar "o vigor" das relações entre Portugal e Espanha, que se devem guiar pelo otimismo, segundo o monarca.

"O otimismo gera sorte e o pessimismo gera adversidade", citou.

O rei espanhol terminou a sua intervenção com palavras dirigidas a Marcelo Rebelo de Sousa.

"Permita-me agora um brinde e que convide todos a brindar pela sua sorte pessoal e pelos maiores êxitos no seu mandato, pelo bem de Portugal", ergueu o copo e brindou.

Marcelo "quer mais e melhor"

já o Presidente da República classificou como "excelentes" as relações entre Espanha e Portugal, destacando o "diálogo em permanência", a defesa de valores comuns como a liberdade, igualdade e repudio pela corrupção, mas avisou que quer "mais e melhor".

Em Guimarães, Marcelo Rebelo de Sousa prometeu não ser um "observador passivo" no aprofundamento das relações entre Portugal e Espanha, consubstanciadas nos "valores ímpares das trocas comerciais e dos investimentos" entre outros fatores.

O chefe de Estado português lembrou ainda o papel que Portugal e Espanha tiveram na História ao darem "novos mundos ao mundo", "globalizando cinco séculos antes da globalização dos nossos dias", nos séculos XV e XVI.

"Excelente é o estado atual das relações entre Portugal e Espanha. Dialogamos em permanência a todos os níveis, entre instituições e governos, na economia, na investigação científica e académica, entre sociedade civis que cada vez mais se conhecem, se relacionam e criam laços de uma afetividade genuína e intensa", classificou, deixando, ainda assim, um aviso.

"Apesar das relações entre Portugal e Espanha serem já excelentes a todos os níveis, fruto do contributo que os nossos governos e os nossos povos dão diariamente para que assim seja, ainda assim, queremos mais e melhor", afirmou.

Para atingir aquele objetivo de ter "mais e melhor", o Presidente deixou a Filipe VI uma garantia:

"Conto não me remeter apenas ao papel de observador passivo, dando também um contributo próprio e constante para o fortalecimento do relacionamento bilateral não assente apenas nos afetos, mas numa base de interesses conjuntos", explicou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, os dois países "foram e são pontes entre os demais continentes, plataformas de cultura, de economia, sociedade, paz de vocação universal", que partilham valores.

"Estados que, como vossa majestade há dias tão impressivamente sublinhou, acreditam na democracia, amam a liberdade, promovem a igualdade, repudiam a corrupção e acima de tudo defendem valores éticos na politicam na economia e na sociedade", apontou.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda a unidade entre Portugal e Espanha demonstrada recentemente na eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU: "Convergimos politicamente na Europa, um Europa mais forte, capaz de superar xenofobias, populismo e egoísmo sem futuro, no universo ibero-americano e em todo o mundo, como ainda há meses se comprovou na eleição de António Guterres para as Nações Unidas", referiu.

O Presidente terminou com um brinde no qual desejou um futuro "próspero e ambicioso" para portugueses e espanhóis.

Homenagem ao primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques

O Presidente da República e os reis de Espanha prestaram homenagem ao primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, à entrada do jantar oferecido aos monarcas pelo chefe de Estado Português, nos Paços dos Duques de Bragança, em Guimarães.

Marcelo Rebelo de Sousa, Filipe VI e Letizia Ortiz foram recebidos por algumas centenas de pessoas que os esperavam à entrada do Paço dos Duques, onde os dois chefes de Estado foram também recebidos por um grupo de Nicolinos, que representam uma das festas académicas mais antigas de Portugal, e por um outro grupo de mulheres e homens com trajes regionais do Minho.

Depois da homenagem a Afonso Henriques e de percorrida a passadeira vermelha que levou os monarcas e o Presidente até ao interior, tendo sido a entrada acompanhada por sentinelas honoríficas - 12 militares e três charameleiros (músicos da charanga, mas apeados) que tocaram as entradas régias.

Seguiu-se a sessão de cumprimentos aos cerca de 120 convidados para o banquete, entre os quais figuras ocmo o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, o futebolista Iker Casillas e a mulher, Sara Carbonero, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, o Bispo de Braga, Jorge ortiga, o reitor da Universidade do Minho, António Cunha e outras entidades, entre as quais militares de Portugal e de Espanha.

Antes do início do jantar, os hinos nacionais dos dois países foram ouvidos, seguidos dos discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e de Filipe VI e dos brindes feitos por ambos. A noite vai terminar com um concerto a cargo da fadista Carminho.

Continue a ler esta notícia