Quase 20% dos estudantes magoaram-se a si próprios no último ano - TVI

Quase 20% dos estudantes magoaram-se a si próprios no último ano

  • 19 dez 2018, 09:05
Crianças na escola

Destes, mais de metade já se magoou nos braços. Estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) 2018 tem também indicadores sobre bullying e consumo de álcool e outro tipo de substâncias

Quase 20% dos alunos inquiridos teve comportamentos autolesivos pelo menos uma vez no último ano. O estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) 2018 revela ainda que, destes, 58,7% referiu ter-se magoado nos braços.

O estudo, que é divulgado esta quarta-feira em Lisboa, pretende estudar os estilos de vida dos adolescentes em idade escolar nos seus contextos de vida, em áreas como o apoio familiar, escola, amigos, saúde, bem-estar, sono, sexualidade, alimentação, lazer, sedentarismo, consumo de substâncias, violência e migrações.

Veja também:

De acordo com o HBSC, 90% dos adolescentes nunca fizeram bullying nos últimos dois meses na escola e 81,2% disseram que nunca foram vítimas deste tipo de provocação, um resultado que “continua a refletir que mais jovens se assumem como vítimas do que como provocadores”.

Perto de 95% referiram nunca ter provocado cyberbullying, com recurso a tecnologias, e 91,8% disseram nunca terem sido vítimas desta provocação.

O estudo revela também que 72,6% dos adolescentes não estiveram envolvidos em lutas no último ano. Dos que se envolveram, 59,7% disseram que foi na escola, 21% na rua, 8,6% em casa e 7,5% num recinto desportivo/ginásio/balneário.

A nível do consumo de substâncias, o HBSC revela que 93,7% dos jovens referiram não fumar. Aponta ainda que 3,7% dos inquiridos disseram não consumir bebidas destiladas diariamente e 89,4% nunca consumiram. Quanto à cerveja, 3,6% contaram que bebem todos os dias e 91% nunca o fazem.

O consumo de vinho é menos frequente, como habitual em edições anteriores do estudo. Dos jovens que referem consumir, 5,2% embriagaram-se pelo menos uma vez no último mês e 11,8% pelo menos uma vez durante toda a vida.    

Referem mais frequentemente ter experimentado canábis (4,8%) e solventes/benzinas (3,6%), sendo o LSD e o Ecstasy as substâncias psicotrópicas mais desconhecidas entre os jovens.

Como os estudantes olham para a sua saúde

O estudo defende a importância da “autorregulação e da promoção de outras competências pessoais e sócio emocionais que aumente a valorização da saúde/bem-estar, e previna comportamentos lesivos da saúde, nomeadamente o uso de substâncias psicoativas”.

Questionados sobre a sua saúde, 33,6% dos adolescentes disseram estar “excelente” e 15,1% contaram ter uma doença ou uma incapacidade prolongada ou permanente, com diagnóstico há mais de dois anos (76%), que implica tomar medicação (60,3%), afetando a sua atividade de tempos livres com os amigos (30,7%) e a participação na escola (28,4%) e implica o uso de equipamento especial (20,8%).   

Cerca de 42% têm alergias, 33,5% asma, 8,6% queixam-se de ter dores de costas todos os dias, 6,3% no pescoço e ombros e 5,3% dores de cabeça, também diariamente.             

Os jovens referem que 63% das escolas têm gabinete de saúde e 50,5% dos alunos do 8.º e 10.º anos de escolaridade referem ter tido aulas de Educação sexual/Educação para a saúde.      

O profissional de saúde mais frequentado pelos adolescentes é o dentista (50,6%), seguido pelo médico de família (37,6%), o oftalmologista (24,4%), o pediatra (19%) e o psicólogo (12,6%).      

Apesar de cerca de um terço dos adolescentes se considerar bem informado em matérias de saúde, apenas 54,8% sabem que há medicamentos que podem ter efeitos não desejáveis e apenas 50,2% referem saber verificar o prazo na embalagem de um medicamento.

Foram aplicados questionários online em 42 agrupamentos de escolas, num total de 387 turmas, havendo um estudo complementar nos Açores, sendo a amostra constituída por 6.997 jovens do 6.º, 8.º e 10.º ano, a maioria (51,7%) raparigas, com uma média de idade de 13,73 anos.

Esta uma iniciativa da investigadora Margarida Gaspar de Matos, da Universidade de Lisboa, e da Equipa Aventura Social foi realizada em colaboração com a Organização Mundial de Saúde e que conta com a participação de 44 países. Em Portugal, o primeiro estudo foi realizado em 1998, celebrando agora 20 anos.

Continue a ler esta notícia