Mais de 240 casos de hepatite A este ano - TVI

Mais de 240 casos de hepatite A este ano

  • CP, com Lusa
  • 8 mai 2017, 16:31

Doentes são maioritariamente homens. Também na maioria, o contágio ocorreu por via sexual. Vêm aí mais 53 mil vacinas

Portugal tem até hoje 242 casos registados de hepatite A, num surto que começou no início do ano e afeta outros países europeus.

O balanço foi feito pelo diretor-geral da Saúde, Francisco George, numa conferência de imprensa em Lisboa.

Segundo a responsável do Programa das Hepatites Virais da Direção-geral da Saúde, 93 por cento dos casos ocorrem em homens e em 57 por cento confirmou-se contágio por via sexual.

Isabel Aldir adiantou ainda que a maioria das situações (quase 90 por cento) ocorre em pessoas dos 18 aos 50 anos, sobretudo em pessoas dos 18 aos 39 anos.

Mais 53 mil vacinas

Portugal vai ter até ao fim do ano mais 53 mil vacinas para a hepatite A, a juntar às cerca de 11 mil que ainda existem atualmente. Assim, Portugal fica com cerca de 64 mil vacinas, cerca do dobro do que é administrado geralmente num ano.

Havia no início do atual surto de hepatite A cerca de 12 mil vacinas, das quais foram administradas até agora cerca de 1.200.

Têm sido administradas desde abril a um ritmo médio de 48 por dia, sendo que 97% foram dadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, aquela que concentra maior número dos 242 casos da doença até hoje.

Cerca de 60% foram administradas a homens que têm sexo com homens, 38% a viajantes e 2% a contactos próximos (íntimos ou familiares) de doentes com hepatite A.

Para incentivar e reforçar a vacinação, as autoridades de saúde criaram uma unidade móvel (uma ambulância do INEM) que durante algumas noites e madrugadas procurou vacinar a população com maior risco (homens que fazem sexo oro-anal com homens).

Foram vacinadas na zona do Bairro Alto, nesta unidade móvel, 314 pessoas em cinco noites.

Festivais e encontros LGBT

A responsável pelo Programa das Hepatites Virais da Direção-geral da Saúde (DGS), Isabel Aldir, diz que no futuro próximo as autoridades querem continuar o reforço da vacinação, antes dos festivais de verão e de encontros da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) em Portugal e em Espanha.

Francisco George voltou a mostrar preocupação com estes encontros, indicando que até ao fim deste mês as autoridades vão preparar um “pacote de proteção” para prevenir a infeção a tempo dos festivais de verão.

Embora não tenha esclarecido em que consistirá esse “pacote de prevenção”, Francisco George indicou que conterá material informativo no que se refere à prevenção das hepatites A e B e de outras doenças sexualmente transmissíveis, bem como a medidas de higiene pessoal.

Sobre a progressão do surto, o diretor-geral mostrou-se otimista quanto à desaceleração dos casos.

Viajantes com maior acesso à vacina

No que respeita ao reforço das vacinas, Hélder Mota Filipe, do conselho diretivo da Autoridade do Medicamento (Infarmed), disse que as 53 mil doses são provenientes de laboratórios da Europa mas também da América do Norte.

O reforço das vacinas vai permitir alargar os critérios de administração aos viajantes, até porque a partir de junho as farmácias vão ter novamente à venda doses para compra direta aos utentes que necessitem e mediante receita médica.

Neste atual surto, para gerir o stock de vacinas, a DGS decidiu que os viajantes que quiserem ser vacinados terão de submeter, através do médico, um pedido às autoridades de saúde.

Dos 480 pedidos feitos até ao momento por viajantes que pretendiam levar a vacina, cerca de 40% foram recusados.

As vacinas, que estão agora a ser administradas de forma gratuita, dirigem-se sobretudo a homens que têm sexo com homens de forma desprotegida e podem ter comportamentos de risco e a contactos íntimos e familiares de doentes com hepatite A.

A hepatite A é, geralmente, benigna e a letalidade é inferior 0,6% dos casos. A gravidade da doença aumenta com a idade, a infeção não provoca cronicidade e dá imunidade para o resto da vida.

Calcula-se que em Portugal mais de 95% da população com mais de 55 anos esteja imune, dado que a doença chegou a ser frequente e começou a decair com a melhoria das condições sanitárias e socioeconómicas.

Continue a ler esta notícia