Um homem de 41 anos acusado de ter atacado com um martelo o namorado da ex-companheira negou esta segunda-feira, no Tribunal da Feira, no distrito de Aveiro, ter tido intenção de o matar.
O arguido, que se encontra em prisão preventiva, está acusado de um crime de homicídio na forma tentada e outro de ofensa à integridade física qualificada.
Os factos ocorreram ao início da noite de 26 de agosto de 2020, junto a um estaleiro de obra em São Martinho de Sardoura, no concelho de Castelo de Paiva, no distrito de Aveiro.
O arguido disse que naquele dia decidiu seguir o ofendido, seu colega de trabalho, até ao local onde ocorreu a agressão porque se sentiu “desafiado”, adiantando que a vítima tinha passado várias vezes junto ao café onde se encontrava a beber cerveja com uns amigos e olhava para si a rir-se.
Contou ainda que parou a sua viatura ao lado da do colega e disse ter visto aquele a debruçar-se para trás a tentar apanhar qualquer coisa.
Pensei que ele fosse pegar nalguma coisa para me atingir e eu peguei no martelo para me defender. Foi a primeira coisa que me veio à mão”, disse.
O arguido referiu ainda que parou a agressão por si próprio e ausentou-se do local, adiantando que no caminho para a casa da sua mãe atirou o martelo ao rio.
A agressão com o martelo aconteceu cerca de dois meses depois de o arguido ter atingido o colega com uma garrafa de vidro na cara, facto que é negado pelo agressor, que disse que apenas lhe deu uma “lapada com a mão”.
O arguido assegurou ainda que o motivo da discórdia não estava relacionado com a ex-companheira, mas sim com o facto de o ofendido lhe ter dito que só não metia o seu filho numa instituição porque não queria.
A gente até se dava bem. Costumávamos beber cervejas no final do dia de trabalho e fazer jantaradas ao fim de semana”, disse o arguido, manifestando ainda arrependimento.
Na mesma sessão também foi ouvido o ofendido que confirmou ter uma boa relação com o arguido, que considerou ser uma “joia de pessoa”.
Não sei o que se passou na cabeça dele para fazer isso. Até àquele momento foi sempre impecável”, disse a vítima.
A acusação do Ministério Público (MP) refere que as agressões ocorreram em retaliação pelo facto de o ofendido ter apresentado uma queixa-crime contra o arguido, relacionada com a agressão com a garrafa de vidro.
O MP refere ainda que a conduta indiciada, pela sua “extrema gravidade e ligeireza” com que foi praticada e encarada após a sua prática, demonstra “uma personalidade do arguido incapaz de controlar impulsos, com agressividade evidente, retaliadora e indiferente a bens jurídicos de terceiros”.