Pai e madrasta de Valentina trocam acusações e culpas em tribunal - TVI

Pai e madrasta de Valentina trocam acusações e culpas em tribunal

"Só lhe dei umas palmadas", assegurou Sandro. "Ele é que lhe bateu", disse Márcia.

O pai de Valentina acusa a madrasta, Márcia, de ter desferido as agressões que mataram a menina. Em tribunal, esta quarta-feira, na primeira sessão de julgamento, Sandro Bernardo diz que só deu "umas palmadas" no rabo da criança.

Perante as questões do juíz presidente, António Alberto Marques, Sandro garantiu que "nunca agrediu ninguém lá em casa". Confirma que confrontou a menina com alegados contactos sexuais na escola e, quando a menina admitiu, lhe deu "umas palmadas". O arguido confirma ainda que a menina confessou alegados abusos por parte do padrinho e, perante isso, deu-lhe "umas palmadas", ralhou com ela e colocou-a de castigo. 

Sandro nega os factos constantes da acusação. Diz que não foi ele que levou Valentina para a casa de banho e a queimou com água a ferver. Diz que estava a dormir e acordou com os gritos da menina e, quando chegou à casa de banho, "a Márcia já estava com a Valentina dentro da água quente".

A torneira estava ligada e a Valentina estava lá dentro. (...) Quando cheguei lá, vi que ela estava a começar a desfalecer agarrei a nos ombros e começou a ter espasmos. Levei-a para a cozinha para debaixo da janela. Ficou sentada ao meu colo, numa cadeira da cozinha", contou.  

O arguido diz ainda que "Márcia também deu murros em várias partes  do corpo" da criança, "dois dias antes de a ter posto na água".

Acusou ainda Márcia de ter desferido os murros na cabeça de Valentina que terão ditado a morte da criança e disse que isso aconteceu na sua presença. Assegurou que a tentou impedir, afastando-a.

Madrasta: "Quero dizer toda a verdade"

A versão de Sandro é contrariada por Márcia, que assegurou aos magistrados que foi o companheiro quem agrediu a criança.

Não me recordo se tinha algo na mão. Mas batia lhe com muita força e batia muitas vezes na menina e dizia para não me meter", contou.

Questionada pelo juiz se Sandro tinha confrontado a filha se tinha havido penetração, Márcia relatou que o companheiro "começou a dizer que a menina só tinha esperteza para mentir". 

A arguida disse que Sandro a afastou, dizendo-lhe que ela tinha de cuidar da bebé: "Bateu-lhe nas pernas e no rabo. Não me lembro se bateu nas mãos mas bateu em vários locais. Tentei sempre proteger a Valentina."

Márcia disse que foi Sandro quem levou a menina para a banheira e não atendeu aos pedidos de Márcia para que parasse. 

Eu tirava lhe o chuveiro e ele empurrava me. Não sei precisar de estava quente ou fria. Eu fui logo ao início, depois fui cuidar da menina. Sei que ela estava com medo porque certamente ele ia por água quente."

 

Márcia contou ainda que viu Sandro atirar água quente para os pés da criança, que foi ela quem disligou primeiro o chuveiro e depois a torneira e disse que não havia água na banheira. 

Agarramos nela e colocamos fora da banheira e comecei a bater lhe na carinha para ver se ela respondia e ela não respondia. (...) Tinha olhos abertos e não respondia."

Nesta fase da declaração, Márcia não conteve as lágrimas e chorou em tribunal. 

A arguida disse também que Sandro ameaçou o filho dela, Raul, para sair da porta da casa de basnho: "Caso contrário nunca mais vês as tuas irmãs."

Perante o tribunal, Márcia disse que tentou convencer Sandro a pedir ajuda e contou que pediu ao filho que fosse buscar algo doce para dar a Valentina, perante a falta de reação da menina. "Ela não reagiu. (...) Eu pus lhe as perninhas para cima, tapei. Tinha olhos abertos e não dizia nada", descreveu. 

Eu não apertei o pescoço à menina. Quem deu murros na cabeça foi o Sandro. Ele tinha hábito fazer isso quando estava mais enervado."

Confrontada com a possibilidade de ter pedido ajuda, mesmo à revelia do pai da menina, a arguida disse que não o fez por medo do companheiro. 

Tínhamos bombeira lá ao lado e nunca deixou porque não queria ir preso. (...) Depois ele disse que ia pensar, mas que era melhor eu pôr a menina em algum lado e dizer que a menina tinha desaparecido. Foi o Sandro que sugeriu. Eu fiz tudo o que ele mandou fazer: que tinha de ir com ele porque eu é que conduzia porque se não nunca mais via os meus filhos. Fiquei com medo por causa dos meus filhos."

Continue a ler esta notícia