Discriminação LGBT: «Números são absolutamente chocantes» - TVI

Discriminação LGBT: «Números são absolutamente chocantes»

Parada gay em Lisboa (MIGUEL A. LOPES/LUSA)

ILGA defende a necessidade de legislação para proteger a comunidade gay, lésbica, bissexual e transexual

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O presidente da ILGA-Portugal considerou «chocantes» os números revelados por um estudo da União Europeia que revela que metade da comunidade gay, lésbica, bissexual e transexual (LGBT) portuguesa se sente discriminada pela sua orientação sexual.

«São números absolutamente chocantes. Até agora não tínhamos números que pudéssemos utilizar para lutar de uma forma mais sustentada e de facto ficámos com uma noção clara de que mais de metade das pessoas já se sentiu discriminada pela sua orientação sexual», adiantou Paulo Corte-Real, em declarações à agência Lusa.

O presidente da ILGA-Portugal destaca outros dados revelados no estudo, que vê como preocupantes. «Só perto de dez por cento das pessoas é que denunciam a discriminação e isso é absolutamente assustador. Inclusivamente em casos de agressões e crimes de ódio, que são reportados por 26% de toda a amostra e por 35% dos transexuais em especial, apenas 18% são denunciados às polícias em Portugal», afirmou.

Para Paulo Corte-Real, estes números mostram «não só a importância de legislação, mas também a de políticas que garantam o combate a esta forma de discriminação e que permitam a denúncia de todas estas situações».

Em Portugal, 36% dos interrogados responderam que nos últimos 12 meses, por serem LGBT, se sentiram discriminados em situações para além do emprego, como no acesso a serviços, educação ou saúde, outro dos aspectos que «preocupa particularmente» a ILGA.

«Portugal tem dos piores resultados da União Europeia e não tem, de facto, qualquer legislação, ao contrário de outros países, que proíba a discriminação, com base na orientação sexual ou identidade de género, nestas áreas», disse Paulo-Corte Real, sublinhando que «isto vem reforçar a necessidade de legislação antidiscriminação abrangente, que inclua estas áreas e que permita a denúncia deste tipo de situações, para que não fiquem impunes».

O presidente da ILGA-Portugal destacou também «um outro campo particularmente chocante, que tem que ver com a educação».

«Em Portugal, 94% das pessoas ouviram comentários negativos ou presenciaram condutas negativas até aos 18 anos, no percurso escolar, porque um ou uma colega de escola foi percecionado como sendo L (lésbica), G (gay), B (bissexual) ou T (transexual)», lembrou, citando o estudo.

Para Paulo Corte-Real, estes números revelam que «a realidade das escolas portuguesas, que é significativamente pior que a média europeia, é uma realidade de opressão, de repressão e de silenciamento».

O dirigente defendeu que «há um trabalho enorme a ser feito nesta área, incluindo o apoio do Estado também na divulgação de recursos no âmbito escolar».
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