Ajuda internacional "não é a solução" - TVI

Ajuda internacional "não é a solução"

João Gouveia diz que há neste momento cerca de 1250 camas de Cuidados Intensivos no SNS, mais as do privado. Faltam sobretudo enfermeiros

O coordenador do Grupo para a Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva admitiu que há "várias propostas" de ajuda internacional que estão a ser "estudadas".

Mas, no entender de João Gouveia, "não são a solução". "São uma ajuda que queremos guardar como último recurso", acrescentou.

"Espero sinceramente que não precisemos de enviar doentes para o estrangeiro. Até meados de abril, devemos ter a capacidade de Medicina Intensiva o mais esticada que consigamos."

Segundo João Gouveia, que falava ao lado do chefe da equipa alemã que começou a trabalhar hoje no Hospital da Luz, a ajuda internacional "é um ato de inteligência", mas que "não queremos usar".

"O foco é a expansão da Medicina Intensiva, o combate à pandemia, fazer descer a curva, diminuir os internamentos e a pressão na Medicina Intensiva", explicou.

"NÚMEROS AINDA PREOCUPANTES"

O médico sublinha que ainda estamos numa "fase difícil, com muitos doentes hospitalizados" e números "ainda preocupantes".

"Em janeiro de 2020 havia 649 camas de UCI, neste momento mais do que duplicámos".

O coordenador admite que ainda é necessário "aumentar essa capacidade". Por isso, há 10 dias, foi proposto aumentar a capacidade de Cuidados Intensivos "em mais 200 camas e foi feito".

Feitas as contas, há neste momento cerca de 1250 camas de UCI no SNS, mais as do privado. "Todos os dias estamos a acrescentar mais camas", acrescentou.

“Estamos muito perto da expansão total da Medicina Intensiva. Ainda existem mais que podemos expandir, mas a capacidade é diminuta. Temos problemas de espaço, mas principalmente de recursos humanos. Faltam intensivistas e, principalmente, enfermagem.”

AS CONDIÇÕES PARA PORTUGAL PODER “RESPIRAR DE ALÍVIO”

João Gouveia traçou o cenário necessário para o país “respirar de alívio”: “Quando tivermos menos de 3 mil casos às quartas ou quintas, duas ou três semanas de seguida, com o RT inferior a 0.7 e menos de 270 doentes internados em UCI. Isso quer dizer que conseguimos dar resposta a nível nacional à doença covid e não covid em termos de Medicina Intensiva.”

O coordenador do Grupo para a Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva disse que só poderemos regressar à normalidade "gradualmente" e sempre "com atenção a estes indicadores".

"Estou um bocadinho mais otimista, mas ainda preocupado com os internamentos. Parece haver uma inflexão do RT e do número de internamentos. Mas não nos podemos deslumbrar. Temos de aprender com os erros."

HOSPITAL DA LUZ JÁ RECEBEU O PRIMEIRO DOENTE APÓS AJUDA ALEMÃ

João Gouveia agradeceu à equipa alemã que hoje começou a trabalhar no Hospital da Luz e anunciou que já foi recebido aqui o primeiro doente da região de Lisboa e Vale do Tejo.

"Virão para aqui doentes que são críticos, com covid-19, de hospitais da ARS de Lisboa e Vale do Tejo", acrescentou.

Este doente que já foi transferido veio do Hospital Garcia de Orta e há mais dois a ser avaliados, para um deles ser transferido para o Hospital da Luz (um deles está no Hospital de Cascais, outro no Barreiro).

CHEFE DA EQUIPA ALEMÃ DIZ QUE ENCONTROU CONDIÇÕES "PERFEITAS"

O chefe da equipa alemã diz que foi "perfeito" o que encontraram no Hospital da Luz, com "as melhores condições", que admite que "não esperava". "Não podia ser melhor", acrescentou.

"Não é só uma questão de solidariedade europeia, é de trabalharmos em conjunto", afirmou.

O responsável diz que está preparado para ficar por três semanas. 

"Portugal não fez nada de errado, a Alemanha não fez nada melhor. É uma questão do vírus. O tratamento é o mesmo..."

 

Continue a ler esta notícia