Gaia: mais quatro doentes contaminados pela superbactéria - TVI

Gaia: mais quatro doentes contaminados pela superbactéria

  • Redação
  • AM - Notícia atualizada às 18:11
  • 21 out 2015, 17:06

Hospital diz estar em curso um “rastreio universal” em enfermarias de alto risco

O hospital de Gaia divulgou esta quarta-feira ter identificado mais quatro doentes contaminados com a bactéria multirresistente que já causou a morte a três pessoas e informou estar em curso um “rastreio universal” em enfermarias de alto risco.

“Está em curso o rastreio universal de portadores de Klebsiella Pneumoniae produtora de KPC em enfermarias de alto risco (Medicina Interna, Pneumologia, Especialidades Cirúrgicas)”, revela comunicado do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Na passada semana, o centro hospitalar divulgou ter identificado, desde 7 de agosto, mais de 30 doentes portadores de Klebsiella Pneumoniae, uma bactéria multirresistente que terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação, transmite-se pelo toque, sobrevive na pele e no meio ambiente e desconhece-se a sua durabilidade.

A Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho disse então que estavam internadas, em isolamento, 13 pessoas.

Hoje o hospital informa em comunicado estarem “internados 17 doentes portadores de Klebsiella Pneumoniae produtora de KPC (presença da bactéria sem manifestações da doença) em regime de isolamento, aguardando a resolução do motivo do seu internamento”.

O centro hospitalar garante que “foram elaborados circuitos destinados a doentes e portadores” da bactéria para “evitar” a sua disseminação, pelo que “não há motivo de alarme para a população e para os utentes”.

"A situação infecciosa no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho está controlada", reitera.

A Direção-Geral de Saúde (DGS) já admitiu que pelo menos três das oito mortes em doentes portadores ocorreram em resultado da infeção pela bactéria multirresistente identificada no Hospital de Gaia.

O hospital suspeita que a origem do surto tenha sido numa doente que fez vários ciclos de antibiótico e que partilhou, no dia 29 de junho, a mesma unidade de pós-operatório com o primeiro paciente infetado.
 

Enfermeiros defendem que pavilhão com superbactéria deve fechar


O presidente do Sindicato dos Enfermeiros defendeu que o Pavilhão Central do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho deveria ser encerrado para impedir a disseminação da bactéria multirresistente que já contaminou mais de 30 pessoas.

“Fechar o pavilhão central e mandar os doentes para outro hospital foi a nossa sugestão”, contou à Lusa José Correia Azevedo, que disse ter hoje visitado aquela unidade de saúde e contactado com os enfermeiros.

O responsável assinalou que “a opinião deles [enfermeiros] é que não há possibilidade de controlo porque o isolamento não é possível”.

“As condições internas do hospital não prestam um isolamento eficaz e as preocupações são constantes”, realçou José Azevedo para quem o próprio estetoscópio que os médicos transportam ao pescoço durante o dia é um veículo de transmissão da bactéria.

O presidente do sindicato considera ainda ser importante “avisar as pessoas” que visitam parentes no hospital “para não mexerem em nada” porque “correm risco” de ficarem contaminadas com a bactéria multirresistente.

Contactada pela Lusa, a Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho disse que “não há qualquer indicação para o encerramento de todo o hospital ou do Pavilhão Central quando o surto está limitado e localizado”.

“Nas áreas clínicas onde foram identificados os casos, procedeu-se ao seu encerramento temporário até à obtenção dos resultados dos rastreios, assim como à desinfeção do ambiente”, explicou Margarida Mota.

Questionada sobre a preocupação dos enfermeiros, a responsável respondeu que “as infeções associadas aos cuidados de saúde são inevitáveis em um terço dos pacientes” e lembrou a sua função de “tratar de doentes”.

“É nossa obrigação prevenir as infeções, cumprindo todas as medidas de prevenção e controlo de infeção”, assinalou, frisando que “não há motivo de alarme para a população, utentes e profissionais” uma vez que “os doentes estão devidamente identificados e sob medidas de isolamento estipuladas”.
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