A cada 90 minutos morre uma pessoa com pneumonia nos hospitais portugueses - TVI

A cada 90 minutos morre uma pessoa com pneumonia nos hospitais portugueses

Hospital

Médico pneumologista no Hospital Pulido Valente indicou que por dia são internadas 81 pessoas por pneumonia em Portugal Continental. Destes internados, 16 irão falecer, o que representa um óbito a cada hora e meia

A cada hora e meia, uma pessoa morre nos hospitais portugueses com pneumonia, doença que afeta cada vez mais pessoas e que custa ao Estado 218 mil euros por dia, revelou esta quinta-feira Filipe Froes, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Num encontro com jornalistas destinado a divulgar alguns números da pneumonia em Portugal, como investimento e incidência, o médico pneumologista no Hospital Pulido Valente indicou que por dia são internadas 81 pessoas por pneumonia em Portugal Continental.

Destes internados, 16 irão falecer, o que representa um óbito a cada 90 minutos, indicou o especialista baseando-se num levantamento feito ao longo de 10 anos (entre 2000 e 2009), que espelham a tendência atual, já que “há cada vez mais internamentos e a mortalidade não diminuiu”.

Esta tendência revela que a incidência da pneumonia aumenta, porque cada vez vivemos mais e com doenças crónicas que predispõem para a pneumonia”, disse, acrescentando que “a pneumonia vai continuar a ser uma das principais causas de internamento no SNS [Serviço Nacional de Saúde] ”.

Esta doença tem custos diretos para o Estado de 80 milhões de euros por ano, o que significa que por dia se gastam 218 mil euros apenas com tratamento e internamento, já que estão excluídos os custos indiretos, como o absentismo laboral.

“Em cada quatro dias e meio gastamos um milhão de euros”, sublinhou Filipe Froes, considerando urgente reduzir estes números através de uma reforço da aposta no tratamento, mas sobretudo na prevenção.

A vacinação, o antitabagismo, a alimentação saudável, a atividade física e uma boa higiene oral são fundamentais para reduzir a incidência das pneumonias e das outras doenças crónicas, designadamente aquelas que muitas vezes resultam em pneumonia.

Os dados estatísticos relativos a este período de dez anos demonstram ainda que os doentes que acabaram por falecer tinham, maioritariamente, mais de 65 anos e que quem morre menos são as pessoas de 29 anos.

A título de curiosidade, o médico, consultor da Direção-Geral da Saúde (DGS) para as doenças respiratórias, revelou ainda que nos hospitais a mortalidade aumenta à sexta-feira e durante o fim de semana e que o dia em que se morre menos é a quarta-feira.

Há uma certa tendência para ir morrer aos hospitais, uma hospitalização da morte, são as chamadas pneumonias de fim de vida”, disse, considerando que uma melhoria dos cuidados continuados e domiciliários em Portugal poderão conduzir a uma diminuição desta realidade, à semelhança do que já acontece no norte da Europa, onde são “criadas condições para as pessoas morrerem em casa”.

O médico considera que este tipo de apoio poderá também contribuir para uma melhoria do tratamento e da prevenção da pneumonia.

Numa perspetiva de derrubar mitos sobre esta doença, Filipe Froes disse que apesar de haver mais internamentos no inverno, a pneumonia não é uma doença sazonal, tanto que é no verão que mata mais.

Em termos proporcionais, a taxa de mortalidade é maior no verão. A conclusão é que morre-se mais de pneumonias mais graves: há menos pneumonia, mas esta é mais grave, por causa dos agentes”, afirmou.

Há cerca de um mês foi divulgado o relatório anual do Programa Nacional das Doenças Respiratórias da DGS, que já apontava para a alta taxa de mortalidade de pneumonia, que surgia como a principal causa de mortalidade respiratória.

No entanto, Filipe Froes sentiu necessidade de apresentar estes números dissecados do global, por considerar que num relatório anual das doenças respiratórias é impossível haver detalhe sobre cada patologia.

Além disso, dados de dez anos mostram uma evolução e apontam para uma tendência pois incluem na contabilização “anos muito bons” e “anos muito maus”, como foi 2009 (o da gripe A) ou, como se “detetou recentemente”, 2004 e 2005.

Continue a ler esta notícia