Mulher julgada por sequestro da sogra e do cunhado nega acusações - TVI

Mulher julgada por sequestro da sogra e do cunhado nega acusações

Justiça

Arguida disse, em tribunal, que não consegue explicar o estado de subnutrição em que a idosa e o filho deficiente foram encontrados: «se passaram fome foi porque ela queria, porque comida não faltava»

Uma das principais arguidas no processo de sequestro, extorsão e violência doméstica sobre uma idosa e o filho deficiente profundo disse esta terça-feira, em tribunal, não conseguir explicar o estado de subnutrição em que os dois foram encontrados.

«Se passaram fome foi porque ela queria, porque comida não faltava», declarou a nora e cunhada das vítimas, num depoimento em que negou ter alguma vez fechado a idosa e o filho desta em quartos separados ou tê-los agredido, como consta da acusação do Ministério Público.

A arguida atribuiu os ferimentos e hematomas atestados por médicos após a intervenção das forças policiais em 31 de agosto de 2009 com agressões entre ambos, alegando que tais agressões prosseguem no lar onde os dois estão a viver desde que foram retirados de sua casa pela Polícia Judiciária.

A mulher afirmou que sempre cozinhou para toda a família aos fins de semana e que durante a semana saía para o trabalho deixando comida suficiente para o dia, nunca se tendo apercebido se comiam ou não porque o hábito era «dar os restos aos cães». Por isso, não conseguiu explicar porque se encontravam subnutridos e desidratados, como referem os relatórios médicos.

Confrontada pela procuradora do Ministério Público com as declarações feitas em setembro de 2009 perante o juiz de instrução, em primeiro interrogatório judicial, segundo as quais tinha começado a trabalhar há oito dias na apanha de pimento, a arguida afirmou que estava «stressada», não tendo referido que antes trabalhara na apanha da beringela, durante «três ou quatro meses».

O advogado da arguida, Vítor Marques, disse aos jornalistas que durante o julgamento serão entregues elementos que «vão contrariar muito a acusação» do Ministério Público, decalcada «quase a papel químico» da investigação desenvolvida pela Polícia Judiciária, que «muitas vezes não tem caráter objetivo», servindo apenas «para mostrar serviço».

Em particular, referiu relatórios de técnicas da Segurança Social que não constam do processo e que considera que ajudarão ao esclarecimento de várias questões contidas na acusação.

A arguida que esta terça-feira negou os factos é acusada, com o marido (do qual se encontra atualmente separada), de coautoria material de dois crimes de sequestro, dois crimes de extorsão e dois crimes de violência doméstica, cometidos entre julho de 2008 e final de agosto de 2009, na localidade de Fajarda, no concelho de Coruche.

Apenas o marido recusou esta terça-feira prestar declarações, tendo os restantes arguidos – a mulher, as duas filhas de ambos e o ex-genro - manifestado vontade de apresentar a sua versão dos factos. Uma outra arguida no processo não compareceu.
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