Erros médicos «custam» 29 milhões de euros - TVI

Erros médicos «custam» 29 milhões de euros

Relatório alerta: só 7,58 por cento dos hospitais públicos tem seguros de responsabilidade profissional

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Os erros médicos nos hospitais públicos deram origem a pedidos de indemnização na ordem dos 29 milhões de euros, segundo um inquérito da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), que abrangeu o triénio 2005-2007.

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Os dados constam da inspecção sobre monitorização do erro médico e acções judiciais com pedido de indemnização por deficiente ajuda médica nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), cujos resultados parciais foram publicados esta terça-feira na página da IGAS.

Entre as especialidades médicas mais visadas pelas queixas dos doentes, estão a obstetrícia, ortopedia, cirurgia geral, ginecologia, oftalmologia e medicina interna. Os hospitais que recebem mais queixas não foram especificados, mas o relatório indica que os que têm mais problemas se situam em Coimbra, Setúbal e Lisboa.

Sócrates tem a solução para evitar erro médico

A IGAS detectou ainda que apenas 7,58 por cento dos hospitais públicos tem seguros de responsabilidade profissional, sendo que 53,13 por cento não tem protocolos escritos de prevenção de erro médico e 73,44 por cento não possui sistemas informatizados de alerta e prevenção de riscos.

O relatório refere ainda que os hospitais «prestarão informação à IGAS até 30 de Setembro de 2009 sobre as medidas entretanto empreendidas» para inverter a tendência destes dados.

Sim-Cidadão para dar voz aos utentes do SNS

Quem já está a tentar combater esta tendência é a Direcção-Geral de Saúde (DGS), que, através do novo departamento da qualidade na Saúde e da divisão deste dedicada à segurança do doente, vai implementar, até ao final deste ano, um sistema informático que promete estar atento às queixas dos doentes, conforme assegurou Cristina Costa, responsável da divisão, ao tvi24.pt.

«O sistema sim-cidadão é um dos nossos programas em estudo. Vai receber uma queixa, analisá-la e reencaminhá-la para os hospitais e para os tribunais, se for necessário», explicou.

O objectivo, segundo a responsável, é «motivar a notificação para aprendermos com o que fazemos menos bem e evitarmos futuros problemas». «Há algum receio [do sistema se tornar uma avaliação], mas os profissionais de saúde estão receptivos, porque será um meio de proteger não só os doentes, mas também os médicos, os enfermeiros, os farmacêuticos...», enumerou.

Um em cada dez doentes sofre um «evento adverso» no hospital

No entanto, «se houver uma clara negligência», os profissionais «terão de ser responsabilizados», ainda que o Sim-Cidadão, seguindo as «orientações internacionais», não pretenda ser «punitivo», mas sim um alerta para o que está mal no SNS.

Cristina Costa afirmou ainda que os dados da Organização Mundial de Saúde, segundo os quais um em cada dez doentes é afectado pelo erro médico, dizem respeito a «eventos adversos» e não a «erros médicos». «Isto é, pode haver um problema de manutenção de uma máquina num hospital que conta como evento adverso, mas não é um erro médico», corrigiu.

Os principais problemas deste género, «a nível mundial, mas com correspondência em Portugal», estão relacionados com «a administração de medicamentos, as infecções e as cirurgias», pelo que a DGS, recordou Cristina Costa, tem desenvolvido várias campanhas para combater estes números.
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