Realizadores contra acesso da PSP a brutos da RTP - TVI

Realizadores contra acesso da PSP a brutos da RTP

Associação diz que caso se trata de um dos «mais graves atentados à cidadania e à independência»

A Associação Portuguesa de Realizadores (APR) considerou hoje que o alegado acesso a imagens da RTP por pessoas estranhas à estação pública é um dos «mais graves atentados à cidadania e à independência» deste órgão de comunicação social.

«A acessibilidade das imagens brutas filmadas pelas equipas de reportagem da RTP a pessoas estranhas a este operador televisivo, que recentemente provocaram a demissão do seu Diretor de Informação, é um dos mais graves atentados à cidadania e à independência deste órgão de comunicação social estatal», refere uma nota da APR enviada à agência Lusa.

Para a associação dos realizadores portugueses, esta situação reflete a «total ausência de critérios» com que a tutela gere a sua responsabilidade perante os cidadãos nacionais.

Considera ainda que após um «penoso» e «desgastante processo» infligido à estação pública, a RTP é, neste momento, um «operador televisivo enfraquecido, sem missão, sem capacidade editorial, sem estrutura orgânica e sem independência política em consequência de sucessivos atos de governação irresponsáveis num estado de direito democrático».

A administração da RTP emitiu na quarta-feira um comunicado no qual afirma que os «responsáveis da direção de informação facultaram a elementos estranhos à empresa» imagens dos incidentes ocorridos a 14 de novembro, dia da greve geral, em frente ao Parlamento, e adianta que foi aberto um inquérito.

Na sequência desta polémica, o diretor de informação da RTP, Nuno Santos, anunciou a sua demissão do cargo, rejeitando essa acusação.

Num esclarecimento divulgado após notícias sobre a alegada cedência pela RTP de imagens da manifestação do passado dia 14, a PSP realçou que «não possui, nem nunca teve na sua posse, quaisquer imagens dos operadores televisivos que não sejam as emitidas pelos diversos canais dessas televisões».

Entretanto, a PSP, sem revelar para que efeitos foram solicitadas as imagens, revelou que pediu também à TVI e SIC as imagens recolhidas nos confrontos da greve geral.

No correio eletrónico enviado às televisões, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP justifica o pedido dizendo que as imagens seriam eventualmente para usar como «meio de prova dos atos classificados como crime», sem especificar os crimes.

Os pedidos de cedência das «imagens recolhidas» nos protestos foram feitos à SIC e à TVI momentos antes da divulgação de um comunicado do Ministério da Administração Interna a anunciar que o ministro ordenou à direção nacional da PSP uma «investigação exaustiva« e com «caráter de urgência» ao caso das imagens da RTP.

A SIC recusou ceder imagens e a TVI está a ponderar o envio, ou não, das imagens que foram para o ar.
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