Chamas ameaçaram centro da vila de Mação - TVI

Chamas ameaçaram centro da vila de Mação

Com o cair da noite, e ao contrário do que seria de esperar, a situação piorou. Apesar da descida das temperaturas, o vento não amainou e continuou a soprar com grande intensidade e com mudanças de direção repentinas. À meia noite, a situação estava mais calma

O incêndio de Mação parecia mais calmo à meia-noite depois de às 21:00 se ter descontrolado e deixado a população da vila em sobressalto. Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, disse que apesar de o fogo estar relativamente controlado, ainda havia situações complicadas à volta da vila. 

"A situação está relativamente controlada, mas não é podemos dar como garantida. Temos situações complicadas à volta de Mação."  

"O que tem acontecido até agora é de uma violência tal, que não pode deixar ninguém seguro", acrescentou Vasco Estrela.

Pelas 21:00, com o cair da noite, e ao contrário do que seria de esperar, o incêndio piorou. Apesar da descida das temperaturas, o vento não amainou, continuou a soprar com grande intensidade e com mudanças de direção repentinas, dificultando o combate às chamas.

Duas frentes ameaçaram o centro da vila, onde está instalado o posto de comando de operações, e a população ficou em sobressalto, como testemunhou a equipa de reportagem da TVI.

A aldeia de Mantela foi evacuada, por precaução, tendo sido retiradas cerca de 20 pessoas, como confirmou o presidente da Assembleia Municipal de Mação, Saldanha Rocha. O fogo esteve a cerca de um quilómetro do Centro de Saúde, empurrado pelo vento forte.

[O incêndio] Colocou em perigo algumas casas, houve necessidade de um reforço de meios neste local. (...) Houve necessidade de tentar conter o incêndio para que ele não pudesse passar a estrada, para não atingir a localidade de Mantela. Mantela foi evacuada. Foi feito um esforço tremendo para que a tragédia não fosse pior", sublinhou o presidente da Câmara de Mação. 

“A frente de fogo cedeu ao trabalho dos bombeiros e a vila pôde ficar a salvo. Esperamos que não haja reacendimentos”, acrescentou o autarca.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) informou ter “todos os meios disponíveis a fazer defesa perimétrica” na vila de Mação.

Temos todos os meios disponíveis a fazer defesa perimétrica nesta área, sem haver, para já, informação de danos de maior. Há muito vento no local. Estamos a proteger as habitações na vila de Mação e todos os recursos estão de facto alocados neste momento a esta zona”, disse à agência Lusa, cerca das 23:30 de quarta-feira, a adjunta de operações da ANPC Patrícia Gaspar.

O avanço das chamas surgiu depois de o autarca de Mação ter informado, às 20:30, que uma parte "importante" do fogo estava controlada e que o incêndio estava mais calmo.

"Uma parte do incêndio está relativamente controlada na zona do Pereiro. Toda a zona do Carvoeiro está controlada, apesar de haver pequenos reacendimentos. Já podemos dizer que uma parte importante do concelho e do incêndio está controlada", sublinhou, na altura, o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela.


Mas já nessa altura, o presidente da Câmara mostrou-se preocupado com duas situações. Vasco Estrela alertou que uma frente que estava dominada durante a tarde, na zona de Aldeia de Eiras, "teve uma projeção para lá da linha de contenção", e que essa era uma situação que se podia "complicar". Depois, apontou a possibilidade das chamas que lavram a norte do concelho poderem "atingir a freguesia de Cardigos".

O presidente do município salientou ainda que numa área ardida de 17 a 18 mil hectares, "onde não houve possibilidade de fazer rescaldo e de fazer aceiros", há a possibilidade de se registarem reacendimentos.

De acordo com Vasco Estrela, contabilizam-se três feridos ligeiros no concelho, entre os quais, uma idosa que perdeu a primeira habitação e que sofreu queimaduras e um bombeiro que também teve "uma queimadura".

As chamas que lavram desde domingo eclodiram no concelho da Sertã, distrito de Castelo Branco, e estenderam-se a Proença-a-Nova, no mesmo distrito, e a Mação, no distrito de Santarém.

Até agora, no concelho de Mação, foram evacuadas cerca de duas dezenas de aldeias e retiradas mais de 200 pessoas, tendo ardido seis casas de primeira habitação e 20 mil hectares de floresta – metade do território concelhio.

 

Dez ocorrências em todo o país

A Proteção Civil informou pelas 23:30 de quarta-feira, encontravam-se em curso “dez ocorrências de incêndios florestais” em todo o país, das quais quatro expiravam “maior preocupação”, nomeadamente o grande fogo da Sertã, o incêndio de Marmeleiro (também no concelho da Sertã) e os dois fogos no distrito de Portalegre, nos concelhos de Gavião e de Nisa.

São as quatro ocorrências que neste momento estão ativas e com maior atividade, onde temos mais meios concentrados”, frisou.

Em relação ao incêndio da Sertã, que lavra em Várzea dos Cavaleiros, “que é o grande incêndio que afeta os concelhos da Sertã, Proença-a-Nova e Mação, mantém-se ativo e é aquele onde neste momento está concentrado o maior número de meios: 1.225 operacionais, apoiados por 338 veículos”, informou a adjunta de operações da Proteção Civil.

Já o incêndio de Vale de Coelheiros, em Castelo Branco, “ficou dominado já no início da noite”, assim como o fogo de Mantela, no concelho de Mação, que já está dominado “há algumas horas”.

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