É um «escândalo» o tempo que demorou a recuperar o Chiado - TVI

É um «escândalo» o tempo que demorou a recuperar o Chiado

  • Redação
  • , Joana Ramos Simões, da Agência Lusa
  • 25 ago 2008, 09:19
Requalificação da Baixa-Chiado

«A Baixa não se reanimou com aquilo, a Baixa ganhou zero», afirma o arquitecto Leonel Fadigas

A mudança que o Chiado sofreu, depois do incêndio de 1988, é um mau exemplo para o arquitecto Leonel Fadigas, que classifica de «escândalo» o tempo que demorou a reabilitar-se «dois ou três quarteirões».

«20 anos a pensar no Chiado é demais. Não foi uma parte da cidade que ardeu, embora tenha sido uma área importante. É um escândalo levar-se 20 anos para fazer aquilo», disse à Lusa o arquitecto paisagista e urbanista, doutorado em Planeamento Urbanístico e Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

Mais do que reabilitar, Leonel Fadigas defende que é necessário «regenerar» certas zonas da cidade. «A Colina de Santana, entre a Avenida da Liberdade e a Avenida Almirante Reis é uma zona crítica e das mais esquecidas que precisaria de intervenção. É uma zona de risco, muito degradada e a cidade não tem olhado para ela com atenção», referiu o arquitecto, que foi Director e Presidente da empresa municipal Ambelis, Agência para a Modernização Económica de Lisboa, entretanto extinta.

«Temos de intervir na reabilitação dos edifícios e na melhoria das condições de vida da população», disse Leonel Fadigas que faz «uma leitura muito crítica» da reabilitação do Chiado.

«Passou demasiado tempo para o que foi feito. Foram renovados meia dúzia de edifícios. A Baixa não se reanimou com aquilo, a Baixa ganhou zero», afirmou. «É fácil reabilitar edifícios como se fez no Chiado. Lá não morava ninguém, não havia problemas com alojamento», defendeu.

Como reabilitar a Baixa?

Quanto à regeneração urbana da Colina de Santana, o arquitecto salienta que «primeiro é preciso olhar para a zona em termos de estado de degradação física, urbanística e caso social [é uma zona muito envelhecida com estratos sociais de baixos recursos]».

Lisboa preocupa Leonel Fadigas. «A cidade tem grandes desafios, e o Chiado ainda é um problema. Substituíram-se uns edifícios por outros. Tem mais vida? Tem mais comércio? Teve um efeito estimulante na zona envolvente? Há mais moradores na Baixa?», questiona.

Para o arquitecto, quando se fala de reabilitação da Baixa, é necessário ligar a recuperação física à social, e «não pode esquecer-se a colina de Santana».

«É preciso requalificar os edifícios e também as condições de vida da população. São necessárias políticas de habitação associadas para levar gente», salientou.
Continue a ler esta notícia