Fogo em Góis obriga a evacuar 27 aldeias - TVI

Fogo em Góis obriga a evacuar 27 aldeias

  • VC/AR/AM - Atualizada às 18:32
  • 20 jun 2017, 11:54

Situação muito preocupante no local

O Plano Municipal de Emergência de Góis foi ativado às 14:00, devido ao incêndio que lavra desde sábado à tarde no concelho, anunciou, em comunicado, a presidente da autarquia, Lurdes Castanheira.

Vinte e sete aldeias do concelho de Góis tiveram de ser evacuadas devido ao alastrar deste incêndio. O avanço das chamas também levou à evacuação do posto de comando em Góis.

Temos as pessoas [100] concentradas numa igreja, onde estão a ser apoiadas pela Segurança Social e com uma segurança montada para que não haja qualquer tipo de problema", disse o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.

As localidades de pequena dimensão evacuadas "foram por precaução, mas o incêndio não chegou lá", acrescentou o governante, que falava aos jornalistas no posto de comando instalado na Selada do Braçal, junto à Estrada Nacional 112, que dá acesso à Pampilhosa da Serra.

Neste momento o que importa é a proteção das pessoas e é nisso que estamos a trabalhar. Pedimos às pessoas que não saiam das suas residências, pois a GNR está a efetuar um trabalho de muita proximidade com a população."

O incêndio que lavra desde sábado em Góis aumentou de extensão nas últimas horas devido às constantes mudanças de vento e são esperados mais reforços nas próximas horas.

O secretário de Estado da Administração Interna adiantou que já estão a ser tomadas medidas para que uma ponta de fogo não entre no município da Lousã, que "costuma ser muito crítico".

Em declarações à agência Lusa, cerca de duas horas antes, a presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira, precisou que as primeiras aldeias evacuadas eram as de Cadafaz, Sandinha, Candosa, Capelo, Corterredor, Cabreira, Aldeia Velha, Candosa, Carvalhal do Sapo, Tarrastal e de Folgosa.

O município de Góis faz fronteira com Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e com o concelho da Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, para onde as chamas progrediram, após deflagrarem no sábado, em Fonte Limpa.

O fogo em Cadafaz era um dos fogos mais preocupantes e nem os meios aéreos estavam a conseguir operar por falta de visibilidade. Acabaram por ser desviados para Pedrógão, onde a situação piorou.

Pelo menos 56 idosos foram retirados de um lar no concelho, que pertence à Cáritas Diocesana de Coimbra.

A temperatura está altíssima, a subir cada vez mais. Eu desloquei-me a uma das povoações e havia uma localidade em que o vento dobra as árvores de uma tal maneira… Aliás, vê-se pelas estradas, que a quantidade de folhas e de carumas que há por ali fora se deve ao forte vento”, relatou à agência Lusa a presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira.

A TVI24 tem repórteres em Sandinha e perto de Cadafaz e Carvalhal do Sapo - cercadas pelas chamas - e conversou com duas senhoras que tinham acabado de ser retiradas de casa, em Cadafaz. Veja o vídeo, em cima.

A povoação já estará sem ninguém, segundo Celeste, uma das mulheres que teve de ser deslocada e que não conseguiu conter as lágrimas.

Obrigaram-nos a sair. O fogo estava mesmo perto. Deixei para trás a minha casa, a única coisa que tenho. Não sei do meu filho, foi trabalhar, espero que se proteja".

A povoação tinha hoje o funeral de um senhor de 57 anos que faleceu, mas outra tragédia bateu-lhes à porta. "Mandaram-nos para a Cabreira até novas ordens".

Não trouxe nada comigo. Só uma garrafinha de água e a roupa no corpo. Não tivemos tempo para ir buscar nada. Nem o telemóvel me deixaram ir buscar para ligar à minha filha".

Esta moradora de Cadafaz diz que não há agora moradores na aldeia. "Andaram de porta em porta a chamar as pessoas". Porém, não tem sido fácil convencer as pessoas a abandonar as casas e os bens de uma vida inteira.

Em Capelo, cerca das 18:00, a situação complicou-se com a mudança de direção do vento. As chamas entraram na aldeia e chegaram a ameaçar as casas. A rápida intervenção dos bombeiros, apoiados por vários moradores, evitaram o pior. 

Fogos duplicam em duas horas e meia

O número de incêndios a lavrar em Portugal duplicou, no período de duas horas e meia. Passou de 12 fogos às 09:30 para 24 às 12:15. 

Seis encontram-se em curso (incêndio em evolução sem limitação de área), quatro em resolução (incêndio sem perigo de propagação para além do perímetro já atingido) e 14 em conclusão (incêndio extinto, com pequenos focos de combustão dentro do perímetro do incêndio).

Os 24 fogos mobilizam 2.467 operacionais, 808 veículos e 20 meios aéreos, segundo a Proteção Civil.

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