Dominado incêndio em Soure, sete de grande dimensão continuam ativos - TVI

Dominado incêndio em Soure, sete de grande dimensão continuam ativos

  • Redação
  • AM/STS - Notícia inserida às 18:12
  • 7 set 2016, 12:46

Permanecem ativos incêndios nos distritos de Porto, Viana do Castelo, Braga, Aveiro e Vila Real. Aquele que lavra em Boticas, Vila Real, é o mais significativo para as autoridades

O incêndio em Soure, no distrito de Coimbra, foi dominado esta madrugada, uma altura em que mais de 1.200 operacionais estavam mobilizados no combate às chamas dos nove maiores fogos, informa o portal da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

O fogo em Soure, que teve início na segunda-feira, foi dominado às 00:58, e duas horas mais tarde continuavam no terreno cerca de meia centena de operacionais, apoiados por cerca de 150 veículos.

Dos nove incêndios em destaque no portal da Proteção Civil, pelas 03:30 de hoje, apenas o de Soure estava em resolução.

Os incêndios que permanecem ativos como ocorrências significativas situam-se nos distritos de Viana do Castelo (2), Braga (2), Vila Real (2) e Aveiro (1).

Os incêndios em Boticas, Vila Real, e em Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, são os que mais preocupam a Autoridade Nacional de Proteção Civil, dos sete incêndios que lavram no país e que são considerados importantes.

Podemos dizer que aquele que causa mais preocupação é o incêndio de Boticas, é aquele que neste momento tem o maior número de meios empenhado, num total de 282 operacionais e 84 veículos”, disse em declarações à Lusa, o adjunto nacional da Proteção Civil Miguel Cruz, cerca das 07:15.

O responsável adiantou ainda que o incêndio que lavra em Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, é o segundo mais significativo para as autoridades, tendo 122 operacionais em campo, apoiados por 34 veículos.

O facto do incêndio na freguesia de Soajo, Arcos de Valdevez, estar a lavrar numa “zona de montanha de difícil acesso” traz algumas dificuldades ao seu combate, estando os operacionais “apeados e com apoio de meios aéreos e material sapador” a trabalhar no local, adiantou.

Do conjunto dos sete incêndios ativos neste momento e em destaque na página da Autoridade são estes dois os mais preocupantes”, frisou o responsável.

Miguel Cruz adiantou ainda que o facto das temperaturas terem sofrido uma descida durante a noite auxiliou também o trabalho dos bombeiros no combate aos incêndios, lembrando que o dia de terça-feira fechou com um balanço de 17 fogos significativos ativos e, neste momento (07:00) “só existem sete como ocorrências importantes”.

O incêndio consumiu 1.400 hectares, dos quais 100 no concelho de Penela e cerca de 50 no concelho de Condeixa-a-Nova, tendo sido Soure o principal município afetado pelas chamas, afirmou o presidente Mário Jorge Nunes, acrescentando que o fogo afetou ainda olivais, assim como pastagens essenciais para 4.000 cabeças de gado do concelho.

As chamas consumiram cerca de 400 hectares de olival, 200 dos quais "de castas e variedades recentes que se encontravam em plena laboração", e muita zona de pastagem "essencial para 4.000 cabeças" de ovelhas e cabras das localidades de Cotas, Degracias, Ramalheira, Quatro Lagoas e Vale Centeio, sublinhou o presidente do município.

Mário Jorge Nunes referiu que três anexos com algumas alfaias agrícolas foram afetados pelas chamas, mas não há qualquer registo de habitações destruídas pelas chamas ou de perda "de uma única cabeça de gado".

De momento, a situação mais preocupante para o município é a falta de pastagens para as 4.000 cabeças de gado que alimentam a produção de queijo, nomeadamente de uma queijaria situada em Cotas, que produz queijo do Rabaçal, e que "tem obtido primeiros prémios a nível nacional".

A erva-de-santa-maria, que dá o sabor e características do queijo daquela região, "desapareceu" com as chamas, constatou o presidente da Câmara de Soure, considerando que a produção de queijos poderá sair afetada do incêndio.

Estamos agora a estudar a possibilidade de mandar comprar palha e feno para não faltar alimento ao gado", avançou Mário Jorge Nunes, referindo que também será feito um "inventário para se saber quais as necessidades dos agricultores".

As localidades afetadas pelo incêndio são maioritariamente habitadas por população idosa "que encontra no pastoreio e no olival uma fonte de rendimento complementar às suas pequenas reformas. Esse rendimento deixa de existir para já", constatou o autarca.

Para além das zonas de pastagem e olival, o incêndio também consumiu "algumas explorações agrícolas e manchas de pinheiro e de eucaliptos", informou.

Lamenta-se a grande área ardida, mas deve ressalvar-se que foram salvas todas as habitações que estiveram em risco na Ramalheira, Degracias e Quatro Lagoas", salientou Mário Jorge Nunes.

 

 

Milhares de hectares ardidos em Boticas, Vila Pouca de Aguiar e Montargil

O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, disse esta quarta-feira à agência Lusa que o incêndio que lavra desde segunda-feira já destruiu metade da mancha florestal do concelho, deixando cerca de dois mil hectares queimados e um “cenário desolador”.

Este fogo que deflagrou na zona de Codessoso, no concelho de Boticas, lavra desde as 16:17 de segunda-feira, já queimou uma vasta área de pinhal e obrigou à retirada, na terça-feira, das pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos, da aldeia de Torneiros.

Arderam cerca de dois mil hectares, 90% da área é pinhal. Muito, muito prejuízo, é desolador olhar para o meu concelho agora”, afirmou Fernando Queiroga.

O presidente da autarquia referiu, ainda, que “50% da mancha florestal do município desapareceu nas últimas 24 horas”.

Esta manhã as coisas estão um pouco melhores. Durante a noite conseguimos dar cabo das frentes que trazíamos e agora estamos a posicionar os homens por causa dos reacendimentos. No terreno, estão também três máquinas de rasto”, afirmou o autarca.

Segundo Fernando Queiroga, perto da aldeia de Mosteirão há uma zona que é de muito difícil acesso. Durante a noite não era possível lá ir e estão agora a ser mobilizados operacionais para combater aquele foco.

O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, disse que os fogos que assolaram o concelho nos últimos dias queimaram cerca de 15 mil hectares, ainda alguns armazéns agrícolas e casas devolutas.

O autarca fez à agência Lusa um balanço dos incêndios que afetaram o município. Foram dois, em zonas distintas do concelho, mas que chegaram perto das aldeias em simultâneo obrigando a uma dispersão dos meios e provocando maiores dificuldades no combate às chamas.

A primeira consequência foram os mais de quinze mil hectares de área ardida, de mato e pinhal. Temos vários prejuízos significativos a nível de vacarias e armazéns”, salientou Alberto Machado.

O autarca disse que os técnicos do município já estão a fazer um levantamento dos estragos provocados pelos fogos.

O incêndio que lavrou em Montargil, no concelho de Ponte de Sor (Portalegre), na terça-feira, consumiu uma área estimada de 220 hectares, provocando danos em três habitações e em estruturas agrícolas, revelaram os bombeiros.

Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Portalegre, o fogo florestal, dominado às 22:23 de terça-feira, seis horas depois de deflagrar, estava hoje de manhã em rescaldo.

A área ardida estimada deste incêndio ronda os 220 hectares, segundo o CDOS, que explicou que uma casa de segunda habitação foi totalmente destruída pelas chamas.

Outras duas casas de segunda habitação também foram atingidas, tendo uma delas ficado com danos “na cobertura” e a outra sofrido “danos significativos”, acrescentou a fonte, referindo que vários moradores foram retirados das suas residências, por precaução.

Além destes prejuízos, continuou, “várias estruturas de apoio à agricultura, como barracões, foram afetadas”.

Durante o combate ao fogo, dois bombeiros sofreram ferimentos ligeiros e outros dois foram assistidos, por inalação de fumos e traumatismo ocular”.

Meios aéreos sem condições para combater fogo no Soajo, Arcos de Valdevez

Os dois meios aéreos acionados esta quarta-feira para o combate ao incêndio que lavra desde terça-feira na aldeia do Soajo, Arcos de Valdevez, "foram desmobilizados por falta de condições para operar", revelou à Lusa a Proteção Civil.

Em declarações à agência Lusa, o segundo comandante distrital do Comando de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo, Robalo Simões, disse que os dois aviões "foram desmobilizados por falta de teto".

O muito fumo que se faz sentir, sobretudo junto à barragem do Alto Lindoso, onde os meios aéreos abastecem de água, impossibilitou que pudessem dar o seu contributo no combate às chamas, que se faz agora no terreno com os operacionais que estão posicionados", afirmou Robalo Simões.

De acordo com aquele responsável, o incêndio, que deflagrou na terça-feira cerca das 09:08, "tem uma frente ativa e lavra numa zona sem qualquer tipo de acesso, em que o combate, no terreno, de faz com ferramentas manuais".

Robalo Simões sublinhou que "não há casas em risco" e escusou-se a apontar uma previsão para dar o incêndio como dominado, apesar da melhoria das condições meteorológicas relativamente a terça-feira.

A temperatura quebrou bastante, há mais humidade e o vento é moderado. O combate está a decorrer favoravelmente. Vamos ver como é que as coisas correm", afirmou.

A Câmara de Arcos de Valdevez acionou na terça-feira à tarde o Plano Municipal de Emergência, na sequência dos fogos que lavram na zona do Soajo e obrigou à evacuação do lugar de Paradela, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).

O incêndio provocou "queimaduras ligeiras" em dois habitantes de Paradela. Um terceiro habitante também teve de ser assistido, por inalação de fumos.

Os três foram conduzidos para o Hospital de Ponte de Lima.

Também "morreram vários animais" na sequência deste incêndio florestal.

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