Chegada do hospital, em Coimbra, Maria de Fátima voltou à Estrada Nacional 236-1, onde ia perdendo a vida, no incêndio sem precedentes que matou ali 30 pessoas, num total de 61 vítimas no distrito de Leiria.
Esta mulher sabia que a região estava assolada pelas chamas, mas fez-se à estrada para socorrer o pai. "Liguei ao meu pai e ele disse que o fogo estava lá e estava a ficar em perigo. Arrancámos, chegámos ao IC8 e a Guarda não nos deixou entrar, pensámos que esta estrada estava livre de perigo"
Quando entrámos, não se via nada, só lume e pinheiros a cair para o chão. Batemos nos raides da estrada, veio um carro por trás e pregou-nos uma 'porrada' muito grande, o nosso carro começou logo a arder. Queria sair para fora do carro, mas o calor era enorme e as chamas eram enormes".
Maria de Fátima contou ainda que uma senhora apanhada pelas chamas lhe disse: "Não saio daqui, morro daqui com vocês". "Mas saímos devagarinho, de valeta em valeta, conseguimos chegar à Castanheira e ficámos a salvo. Cheguei agora do hospital em Coimbra".
Em choque, esta mulher só consegue descrever o que viu como "um inferno autêntico", um "horror, mesmo".
Virmos esse cenário e a nossa morte aqui também...As únicas palavras que me vinham à ideia era que Nossa Senhora nos ajudasse e nos livrasse da morte. Não tem explicação ver as pessoas a gritar dentro dos carros"
Maria de Fátima e uma desconhecida conseguiram salvar-se. Outras 30 pessoas não tiveram a mesma sorte e não escaparam com vida ao inferno da Nacional 136.
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