O Presidente da República percebe que "deve ter havido muito pânico" entre as pessoas que tentaram fugir do incêndio na associação cultural e desportiva de Vila Nova da Rainha, em Tondela, no sábado à noite. Mais uma tragédia no interior do país, que desta vez provocou oito mortos e 38 feridos.
Quanto à porta que abria para dentro, e que as pessoas não conseguiram abrir, até porque ficaram numa pilha, umas em cima das outras, nas escadas a tentar sair, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "havia outra ao lado que dava para fora", mas que a que dava para dentro era a mais utilizada.
É fácil de dizer, mas quando se trata de uma realidade muito curta, em que as pessoas estão em pânico, é mais difícil de fazer. Só vivendo".
AO MINUTO: todos os desenvolvimentos
O presidente da câmara reportou a Marcelo que "os requisitos de licenciamento" do edifício "estavam preenchidos".
Uma coisa é certa: depois de visitar o interior das instalações da associação recreativa, o chefe de Estado disse que dá para perceber "perfeitamente" o pânico das pessoas.
Pela localização das mesas, pela localização das pessoas, pela localização da salamandra e pela localização da saída para as escadas, pela falta de outra hipótese alternativa - havia uma marquise do outro lado, não dava para saltar - e, depois, por essa circunstância de que havendo duas saídas, duas portas, ter havido alguma aglomeração a pensar na porta que estava em frente [e que abria para dentro] e não a porta à esquerda [que abria para fora]".
Acompanhado pelo ministro da Administração Interna, Marcelo apresentou "as condolências e o testemunho da solidariedade aos familiares das vítimas mortais e depois, também, aos familiares das vítimas que estão a ser assistidas, em estado mais grave ou menos grave, em várias unidades de saúde pelo país".
Vai tentar estar com as famílias, se quiserem recebê-lo, mas respeita "o recato deste momento de vivência familiar,", até porque "é um choque que tem poucas horas ainda".
"Socorro excecional" em "situação dramática"
O Presidente louvou a forma como "várias instituições intervieram em tão curto espaço de tempo"
Foram excecionais, todas, da saúde à Proteção Civil, passando pelo contributo da força aérea, das estruturas de socorro mais próximo ou mais distante, de transporte, de evacuação. Tudo funcionou".
Reconheceu, também, a "rapidez e a disponibilidade" de todos, desde os deputados aos autarcas que ali estiveram ontem à noite. "Todos estiveram à altura das circunstâncias, numa situação daquelas que gostaríamos que não tivesse ocorrido. É uma situação muito dramática".
"São uns resistentes, são uns resistentes"
Três meses depois da tragédia dos incêndios de outubro na mesma região - Tondela inclusive - Marcelo Rebelo de Sousa elogia a resistência da população do interior do país. "É outro choque, outro desgosto, a juntar à tragédia de outubro", reconheceu.
São uns resistentes, são uns resistentes. Têm o que nós temos, portugueses, de melhor. Nunca conseguimos compreender porque é que, de repente, se acumulam tantos factos negativos em tão pouco tempo, nos mesmos sítios, mas o que é facto é que o português é resistentes".
"O país está aqui unido, convosco"
Também o ministro da Administração Interna quis prestar uma palavra de "solidariedade" perante esta tragédia e destacou o "empenho", que é "pleno", para salvar vidas.
Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de sublinhar que todas as instituições políticas estão a agir como devem: "O país está aqui unido, convosco".
"Esteve ontem aqui o Governo, está hoje aqui o Governo. Esteve ontem e está hoje aqui a Assembleia da República e está hoje o Presidente da República. Com os vossos autarcas, mas sobretudo convosco. É um sinal de que estamos todos juntos".
"Estamos todos solidários, fraternalmente solidários, e estamos a acompanhar essa resistência", acrescentou, expressando um "obrigado" àquelas pessoas que mostram como é possível olhar para o futuro.
"A mim deu-me ânimo"
Eram cerca de 16:00 quando Marcelo chegou ao hospital de Viseu para visitar os 13 feridos aí internados. Pedindo desculpa pelo atraso, o Presidente da República entrou no hospital ladeado pelo diretor daquela unidade, Cílio Correia, e do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Depois de visitar quatro dos 13 doentes ali internados, Marcelo prestou breves declarações aos jornalistas.
Formavam uma equipa, como sabem na sueca joga-se aos pares. Juntos na vida quer a jogar quer no hospital. Verifiquei que estavam os quatro cheios de força, com muito boa disposição e fisicamente a recuperar muito bem, rodeados de família. A mim deu-me ânimo e eu dei-lhes ânimo", afirmou antes de ir visitar os restantes.
A visita demorou pouco mais de meia hora e, à saída do hospital, o Presidente da República mostrou-se animado e confiante na recuperação dos feridos.
O saldo é um saldo, neste caso, muito positivo e por isso fico muito grato a quantos tornam isto possível, para já, neste hospital. Logo que possível tentarei visitar outras unidades hospitalares onde também há internados. Temos a noção de que há situações diferentes de gravidade. A grande maioria não está em situação muito grave, mas alguns em situação bastante crítica e que, enfim, vamos ver como evoluem. Todos esperamos que tenham uma evolução positiva", contou, acrescentando que "depois do período de choque, [encontrei] uma grande unidade familiar".
O Presidente da República elogiou ainda capacidade de resposta “tão rápida” dos profissionais do Hospital de Viseu.
Os profissionais de saúde têm sido espetaculares. A capacidade de resposta tão rápida a um número concentrado de pessoas que aqui chegou merece um louvor e agradecimento”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Amanhã e nos próximos dias o Presidente vai estar pela região. Ainda há quatro a cinco pessoas em risco de vida.