Vítimas de Pedrógão exigem demissões na Proteção Civil - TVI

Vítimas de Pedrógão exigem demissões na Proteção Civil

  • Notícia atualizada às 16:05
  • 18 out 2017, 14:40

A AVIPG anunciou que o Governo decidiu assumir as responsabilidades pelas pessoas que morreram no fogo de junho

A AVIPG – Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande exigiu, esta quarta-feira, a demissão da presidência e comando da Proteção Civil, na sequência do verão trágico deste ano. Os representantes das vítimas de Pedrógão dizem que demissão da ministra da Administração Interna foi tardia e exigem um pedido de desculpas público pelas mortes provocadas pelos fogos. 

Na sequência da demissão tardia da senhora ministra da Administração Interna [Constança Urbano de Sousa], exigimos a consequente demissão da presidência e do comando da ANPC. Após as 65 mortes em Pedrógão Grande, queremos também um pedido público de desculpas do senhor primeiro-ministro a todos os familiares das vítimas mortais", declarou a presidente da associação, Nádia Piazza.

Interrogada sobre quando o primeiro-ministro poderá assumir o pedido de desculpas públicas pelas mortes nos incêndios de Pedrógão Grande de junho e do passado domingo, a presidente da associação respondeu: "Vamos dar esse tempo a ele".

"É uma exigência nossa, pensamos que é um ato que já podia ter acontecido. Mas, trata-se de algo pessoal, tem de partir dele [António Costa]", disse Nádia Piazza.

Nádia Piazza adiantou que a reunião com o primeiro-ministro foi "longa e cortada", durante a qual "ninguém teve pressa em discutir tudo".

Sobre o teor dos relatórios conhecidos sobre o incêndio de Pedrógão Grande, Nádia Piazza disse que “já era facto consumado” para a associação.

Aquelas medidas mais prementes podiam ter sido tomadas”, considerou, mostrando-se convicta de que se isso tivesse acontecido poderia ter sido evitada a morte de 41 pessoas nos incêndios que deflagraram este fim de semana.

A Associação anunciou também que o Governo decidiu assumir as responsabilidades pelas pessoas que morreram no fogo de junho, através de um mecanismo extrajudicial de compensação.

Considerando o teor dos relatórios da Comissão Técnica Independente e do professor Xavier Viegas e o parecer jurídico do Cenjur [da Presidência do Conselho de Ministros], o Governo decidiu assumir as suas responsabilidades relativamente às vítimas mortais de Pedrógão Grande. O Governo pretende connosco assumir um mecanismo extrajudicial de forma a compensar os danos pelas vítimas mortais, que será melhor apurado a partir de quinta-feira", declarou a presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Nádia Piazza.

A responsável da associação apontou que agora se segue a discussão do mecanismo dessa compensação às vítimas.

É algo que vamos ter de trabalhar. Também temos de trabalhar com a nossa equipa jurídica e com a equipa jurídica do Ministério da Justiça e do Conselho de Ministros, e é para os próximos tempos, para os próximos dias", referiu.

Referindo que no encontro foram também abordados os fogos que fustigaram o país no fim de semana, Nádia Piazza advogou que "tudo o que se aprendeu com Pedrógão, e que ainda pode ser melhorado, que seja replicado nesse caso".

Nós temos pena, temos muita pena de não termos sido mais incisivos para que isso não tivesse acontecido", disse.

"A nossa lição em Pedrógão já tinha acontecido", mas "os meios não estavam a postos", uma vez que "a 01 de outubro desmobilizaram-se meios e recursos", criticou a presidente da associação.

Na sua opinião, as 41 mortes podiam ter sido evitadas, e por isso, exigiu para o futuro "uma clara definição por parte da Assembleia da República do novo rumo a tomar".

O povo exige um novo ciclo", salientou, acrescentando que "resilientes são os portugueses que aguentam” esta situação.

A presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Nádia Piazza, relatou ainda que o primeiro-ministro considerou não ser prudente aceitar a demissão da ministra da Administração Interna durante o período crítico de fogos.

O que nos foi dito pelo senhor primeiro-ministro é que não seria prudente tê-lo feito durante o período crítico declarado de incêndios. E foi essa a razão porque isso não aconteceu", disse Nádia Piazza aos jornalistas na residência oficial do primeiro-ministro.

Segundo a responsável, a decisão "esteve sempre em cima da mesa" do primeiro-ministro.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, apresentou um pedido de demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, anunciou hoje o gabinete de António Costa.

Constança Urbano de Sousa diz na carta de demissão enviada ao primeiro-ministro que pediu para sair de funções logo a seguir à tragédia de Pedrógão Grande, dando tempo a António Costa para encontrar quem a substituísse.

Nádia Piazza falava no final de uma reunião de duas horas e meia em São Bento, com o primeiro-ministro, António Costa, na qual também esteve presente a titular da pasta da Justiça, Francisca Van Dunem.

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