Foram já sete as vezes que Portugal pediu ajuda à União Europeia para combater os incêndios. Chega-se a esse ponto quando a situação atinge uma dimensão dramática e o país já a viveu por várias vezes nos últimos 15 anos. Neste agosto de 2016, nova situação urgente, perante a qual a UE vai mais uma vez entrar em cena.
O mecanismo europeu de proteção civil foi criado apenas em 2001, pelo que as autoridades a ele recorreram, em média, a cada dois anos.
Esse mecanismo é uma bolsa de meios disponibilizada pelos Estados-membros da União Europeia que permite que outros peçam ajuda se necessário, como é o caso dos incêndios, cheias ou sismos, entre outros fenómenos.
Com o pedido formalmente feito hoje, esta é a sétima vez de Portugal recorrer ao auxílio europeu, tendo já recebido resposta positiva nesse sentido.
Agosto de 2003 | Incêndios nos distritos de Portalegre e Castelo Branco foram nessa altura dos piores em 20 anos |
Agosto de 2005 | 235 mil hectares de floresta consumidos, centenas de incêndios. Espanha, Itália e França fizeram chegar de imediato meios aéreos |
Agosto de 2009 | País recebeu o apoio imediato de dois aviões Canadair. Arderam milhares de hectares. |
Julho de 2010 | Incêndios sobretudo em Viseu, Braga, Vila Real, Aveiro, Viana do Castelo e Porto. Dois aviões italianos foram direcionados para as regiões mais afetadas |
Setembro de 2012 | Centenas de incêndios (224 só no dia 3 de setembro), combatidos por milhares de bombeiros. Espanha e França disponibilizaram quatro aviões anfíbios pesados. Arderam mais de 100 mil hectares e morreram seis pessoas, quatro delas, bombeiros |
Agosto de 2013 | Mais de 7.000 incêndios, 9 mortos (oito bombeiros e um civil), 120 mil hectares de floresta ardida, 34,2 milhões de euros em danos diretos. Novo pedido de aviões Canadair, para combater incêndios de grandes dimensões. França e Croácia responderam à chamada. Já estavam em território nacional outros aviões, ao abrigo de acordos bilaterais |
Agosto de 2016 | Portugal a arder. Casos mais gravosos até dia 10 de agosto: Madeira (com três mortos e 37 casas destruídas) é a situação mais dramática que levou ao pedido de ajuda. Outros casos gravosos: Gondomar, Arouca, Viana do Castelo, Viseu e Leiria |
Portugal ajudado, mas também já ajudou
Portugal tem sido alvo de ajuda nestes anos, mas também já participou no auxílio a outros países, como Espanha ou Grécia. Colaborou com o país vizinho em 2006 e, com a Grécia, no ano seguinte, recorda a Lusa.
Em 2014, esteve a apoiar Cabo Verde, perante a erupção do vulcão da ilha do Fogo, e já tinha estado a prestar assistência quando de sismos no Haiti, Irão e Marrocos.
Participam no mecanismo os 28 Estados-membros, Montenegro e Noruega. Segundo a página oficial da UE, está em curso o processo de renovação da participação no mecanismo da antiga República Jugoslava da Macedónia, e Turquia e Sérvia assinaram recentemente acordos para preparar a sua adesão ao mecanismo.
Inundações na Europa e nos Balcãs, um tufão nas Filipinas, epidemia de ébola na África Ocidental, um sismo seguido de tsunami no Japão ou a guerra na Síria são casos em que o mecanismo foi acionado.
No ano passado, a Croácia, perante um crescente afluxo de refugiados, ativou o mecanismo de proteção civil, algo que a Grécia também fez.