Fez-se à estrada com o fogo à porta para salvar mulher e crianças alemãs - TVI

Fez-se à estrada com o fogo à porta para salvar mulher e crianças alemãs

  • SS
  • 16 out 2017, 13:33
Incêndio em Vila Nova de Poiares

João da Fonseca, habitante de Casal do Gago, no concelho de Vila Nova de Poiares, salvou no domingo uma família de alemães que estava há dois meses a viver na localidade e agora tenta convencê-los a ficar

João da Fonseca, habitante de Casal do Gago, no concelho de Vila Nova de Poiares, salvou no domingo uma família de alemães que estava há dois meses a viver na localidade e agora tenta convencê-los a ficar, escreve a agência Lusa.

As chamas já estavam em Casal do Gago quando João da Fonseca se lembrou de uma família de alemães, que vivia ali perto. Pegou no jipe e fez-se à estrada, juntamente com outro habitante que o seguia numa carrinha.

Quando chegou ao local onde a família alemã tinha estacionado o seu camião com rulote, pegou nos dois cães, três crianças e na mãe, que apenas tiveram tempo de levar a roupa que tinham vestido e pouco mais.

Com o camião estacionado num terreno limpo, nada fazia prever que as chamas acabassem por destruir por completo a viatura de Jenny Burghard e do seu marido.

Não trouxe nada comigo. Agora, não temos nada. A nossa vida toda estava naquele camião", conta à agência Lusa a alemã de 35 anos, que estava há dois meses em Vila Nova de Poiares onde procurava uma casa para viver.

Para Jenny Burghard, foi "tudo muito rápido", mas os habitantes ajudaram-na a sentir-se segura.

Quando chegámos ao [centro] de convívio [da aldeia], toda a gente foi tão amável connosco", notou.

Seguiu depois para a casa de João da Fonseca, onde ainda se mantém, com os seus três filhos.

Por lá, ainda viu o habitante a apagar as chamas que circundaram a habitação.

"As pessoas foram incríveis e muito organizadas. Parecia que todos sabiam o que fazer e isso deixou-nos seguros. Estas pessoas salvaram-me a vida", afirma Jenny, que ainda não foi ver o local onde o camião ficou destruído.

O seu marido está neste momento a conduzir para Portugal e recebeu a notícia "a chorar", contou João da Fonseca.

"Nós queremos perceber o que podemos fazer, mas não sabemos. Agora, não temos nada", frisa Jenny Burghard, enquanto João da Fonseca responde: "Têm-me a mim e às pessoas da terra".

Jenny esboça um sorriso e volta a elogiar a população de Casal do Gago.

Estou a tentar convencê-los a ficar", diz João da Fonseca, que ainda viu a sua companheira a desmaiar quando apagava as chamas nas traseiras da sua casa.

Para o habitante de Casal do Gago, mas natural de Aveiro, a família de alemães com três crianças com um, três e cinco anos, dá outra vida à aldeia envelhecida.

"Ver crianças por cá dá alegria às pessoas", frisa João.

Mais de 500 incêndios deflagraram no domingo, naquele que já é considerado pela Proteção Civil como "o pior dia do ano em matéria de incêndios". Os fogos já fizeram 31 mortos e 51 feridos.

Na madrugada de domingo, António Costa esteve na sede da Autoridade Nacional da Proteção Civil, em Carnaxide, para avaliar a situação no país. O chefe do Executivo anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

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