Um homem de 39 anos confessou esta quarta-feira, no Tribunal de Aveiro, ter ateado nove incêndios florestais entre agosto e novembro de 2016, em Águeda. Este foi um dos concelhos mais fustigados pelos fogos no último verão.
Não sei porque fazia aquilo. Estou arrependido, tenho de pagar pelo quis fiz".
O arguido está acusado de seis crimes de incêndio florestal, dois dos quais na forma tentada e três crimes de incêndio.
Questionado pelo juiz presidente, justificou o seu comportamento, alegando que "andava descontrolado" devido à separação da companheira.
Segundo a acusação do Ministério Público, os incêndios ocorreram em diferentes locais da freguesia de Macinhata do Vouga, no concelho de Águeda, onde o arguido reside.
No início do mês de agosto, com o intuito de "causar comoção nos residentes naquela localidade e nas localidades próximas", o arguido decidiu passar a atear vários fogos em terrenos de vizinhos seus.
Atuava durante a noite, ateando fogo com recurso a pinhas secas e um isqueiro e, em alguns casos, ficou a ver os populares a combater o incêndio, nada fazendo para apagar as chamas.
Na maioria dos casos bastou a intervenção de populares para extinguir o fogo, mas em duas situações tiveram de ser chamados os bombeiros para travar a propagação das chamas para zonas florestais e habitações.
O suspeito foi detido em novembro de 2016 pela Polícia Judiciária de Aveiro. Desde então, estava em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica.
Na altura da detenção, a PJ referiu que os referidos incêndios colocaram em perigo "uma extensa mancha florestal, bem como, em três das situações, estruturas de apoio à agricultura, pecuária e, ainda, casas de habitação".
"Apenas a pronta deteção dos fogos e o seu combate no imediato impediu que os mesmos tivessem consequências de maior", apontou naquele momento.
Têm ocorrido várias detenções de incêndiários, nos últimos dias, numa altura em que Portugal está a fazer o luto decorrente do incêndio que matou 64 pessoas e feriu cerca de 200 em Pedrógão Grande.