Samatra: sismo é um dos maiores de sempre

O sismólogo Fernando Carrilho considerou esta quarta-feira que o sismo de magnitude 8,7 ocorrido junto à ilha indonésia de Samatra é um dos maiores de sempre, mas não deverá ter a dimensão do registado em 2004 naquela região.

O Instituto Norte-americano de Geofísica (USGG) anunciou que um sismo de magnitude 8,7 ocorreu hoje às 08:38 TMG (09:38 em Lisboa) ao largo da costa ocidental da ilha de Samatra, tendo sido lançado um alerta de tsunami para o conjunto do oceano Índico.

O sismo ocorreu a 33 quilómetros de profundidade e a cerca de 430 quilómetros a sudoeste de Banda Aceh, a capital da província de Aceh, precisou o USGS.

Em declarações à Lusa, o responsável pelo departamento de sismologia do Instituto de Meteorologia (IM), Fernando Carrilho, disse que, apesar de não possuir dados, este é um dos maiores sismos de sempre.

«É um sismo com uma magnitude muito elevada. A estimativa era de 8,9, mas já houve atualizações para uma magnitude de 8,7. Ocorreu numa zona próxima, mas não exatamente na mesma onde ocorreu o sismo de 2004 com aquele tsunami de consequências devastadoras», salientou.

No entender de Fernando Carrilho, o sismo desta quarta-feira é «relativamente superficial», o que significa que é uma das caraterísticas que um sismo tem de ter para poder gerar um tsunami.

«Contudo, uma vez que o mecanismo de geração do sismo é de deslocamento horizontal, significa que haverá muito pouca componente vertical, logo o tsunami que vier a ser gerado não terá a mesma dimensão dos que aconteceram naquela zona. Mas estamos a aguardar pela confirmação da observação do tsunami e pelas discrições do impacto nas zonas mais próximas, principalmente Aceh», explicou.

De acordo com o responsável, dada a magnitude do sismo, deverão ocorrer nas próximas semanas várias réplicas de magnitude elevada.

Fernando Carrilho disse ainda que o sismo foi detetado em todas as estações da rede sísmica nacional, tendo as primeiras ondas sido registadas às 09:52 (hora de Lisboa), 14 minutos após o seu início.

«A sensibilidade sísmica das estações nacionais é extremamente elevada e, à partida, qualquer sismo com magnitude 5,0 ou 5,5 em qualquer ponto do globo é registado», disse.

De acordo com as informações do Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, foi gerado um tsunami que foi observado em algumas estações de medição do nível do mar mais próximas do epicentro, tendo sido registadas amplitudes na ordem dos 25-30 cm.

Segundo dados do USGG, o maior sismo de sempre foi registado em 1960 no Chile, com uma magnitude de 9,5 na escala de Richter, seguido de outro no Alasca em 1964 que atingiu 9,2.

Em terceiro, com uma magnitude de 9,3, surge o sismo registado em dezembro de 2004 na ilha de Sumatra, que causou um tsunami nas costas de uma dezena de países do Sudeste da Ásia, do qual resultaram mais de 220.000 mortos.

Logo depois, com uma intensidade de 9,0, surge o sismo registado em 11 de março de 2011 no Japão, junto à costa este de Honshu, que também provocou um tsunami e um acidente nuclear na central de Fukushima.

O sismo ocorrido em Lisboa a 1 de novembro de 1755 surge no 11.º lugar da lista elaborada pelo USGG, com uma magnitude de 8,7 graus na escala de Richter.