Recolhidas amostras sobre caso de legionella na Maia - TVI

Recolhidas amostras sobre caso de legionella na Maia

  • AR/EC - notícia atualizada às 20:08
  • 14 mar 2017, 12:09

Técnicos da inspeção-geral do Ambiente fizeram a recolha depois de ter sido detetado um caso na Sakthi Portugal. Empresa diz que caso remonta a novembro e trabalhador já recuperou. Ministro da Saúde realça que situação está controlada

Já se sabe onde foi identificado o caso de legionella na Maia divulgado na segunda-feira pela Direção Geral de Saúde (DGS). Foi na fábrica de componentes automóveis Sakthi Portugal, situada em Vermoim, no concelho da Maia, distrito do Porto.

Técnicos da inspeção-geral do Ambiente já recolheram amostras para esclarecer a existência da doença dos legionários na unidade, disse esta terça-feira uma fonte do Ministério do Ambiente.

"Depois de termos sido notificados pela Direção Geral da Saúde, na segunda-feira, técnicos deslocaram-se ao local para recolher amostras", referiu a fonte do Ministério liderado por João Matos Fernandes, que tutela a Inspeção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT).

Quando os resultados estiverem disponíveis, serão definidos os procedimentos adequados, acrescentou.

Em comunicado, a Direção-Geral de Saúde assegura que “estão a ser tomadas todas as medidas adequadas à situação” e que “os cidadãos residentes no concelho da Maia não necessitam de adotar medidas específicas e adicionais”.

A DGS recorda que, no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), “desde novembro de 2016 foram notificados dois casos de doença dos legionários em trabalhadores da Empresa Sakthi Portugal, no concelho da Maia”.

Acrescentou também que, “para além dos dois casos de doença referidos em trabalhadores da empresa, foram identificados mais seis outros casos de doença dos legionários e que, de acordo com os inquéritos epidemiológicos realizados, não podem ainda ser associados à mesma fonte”.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do conselho de administração da Sakhti, Jorge Fesch, disse esta terça-feira que o caso de legionella detetado remonta a novembro de 2016 e que o trabalhador em causa já está recuperado.

É do nosso conhecimento um caso de legionella de um trabalhador em novembro de 2016 entretanto recuperado. A partir do momento em que teve conhecimento deste único caso em novembro de 2016, entretanto recuperado, naturalmente reforçou os seus tratamentos, a sua observância e o seu ritmo de análises que sucessivamente nos têm surgido como negativas”, afirmou Jorge Fesch aos jornalistas.

Na altura, explicou o responsável, as análises efetuadas aos reservatórios da fábrica deram negativo, mas em fevereiro deste ano novas análises acusaram a presença de legionella.

Dos múltiplos reservatórios de água e circuitos de água de que a empresa dispõe, há um dos reservatórios que, numa primeira análise, deu positivo. Em fevereiro”, referiu.

Jorge Fesch sublinhou que a Sakthi Portugal é uma empresa reconhecida pelas boas práticas, que dispõe de um conjunto alargado de certificações, nomeadamente na frente ambiental. O responsável explicou por que razão não notificou a DGS do caso de legionella que se registou em novembro.

“Tivemos em fevereiro último o contacto da DGS (penso que resultante do trabalhador entretanto recuperado em novembro) e portanto decidiu (seguramente bem) aprofundar as razões que possam ter conduzido a esta situação. Temos estado a trabalhar de uma forma muito franca, disponível, pró-ativa no sentido de tornarmos mais consistente ainda o nosso sistema. Um caso único, entretanto recuperado, não nos pareceu que nos obrigasse a uma declaração espontânea ou especialmente dirigida [à DGS] porque não sentíamos que teríamos uma situação de caos ou alarmismo, porventura até infundado”, defendeu.

Relativamente aos sete casos sob suspeita, também noticiados pela DGS, a Sakthi diz que não pertencem à sua empresa.

“A leitura que eu faço é que nós não temos mais pessoas nenhumas. Com o conhecimento que eu tenho da empresa”, rematou.

Caso na Maia está “controlado e mitigado”

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta terça-feira que o caso de “doença dos legionários” detetado na Maia, Porto, está “controlado e mitigado”, e indicou que estão a ser tomadas “medidas cautelares”.

“As medidas cautelares estão a ser tomadas. Penso que é um caso relativamente controlado e mitigado e, portanto, aguardaremos as informações que a Direção-Geral de Saúde e o Ministério do Ambiente irão divulgar nos próximos dias”, afirmou o governante.

Falando aos jornalistas à margem da cerimónia de apresentação dos novos centros de saúde para Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento, admitiu, contudo, não ter “mais nenhuma informação do que aquela que foi publicitada ontem [segunda-feira]”.

“Fui informado pelo senhor diretor-geral de Saúde ontem [segunda-feira] e, naturalmente, que ele, enquanto autoridade nacional de saúde, age como é de protocolo nestas situações”, vincou.

Na segunda-feira, a Direção-Geral de Saúde (DGS) revelou que há um caso confirmado de doença dos legionários numa fábrica na Maia, distrito do Porto, e outros sete "em estudo", tendo sido tomadas "todas as medidas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências".

O presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, criticou a DGS por esta não ter alertado a autarquia para o caso de "doença dos legionários".

Em declarações à agência Lusa, Bragança Fernandes afirmou que não foi contactado pelo que desconhece a origem do caso e se vê "sem dados para poder por em ação" os seus meios de Proteção Civil.

Contactado esta terça-feira pela Lusa, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, escusou-se a comentar as críticas do presidente da Câmara da Maia acerca deste assunto.

Na segunda-feira, Francisco George disse à Lusa que "o Instituto Ricardo Jorge identificou a relação causa-efeito entre as secreções pulmonares de um doente com pneumonia provocadas por uma bactéria que é a mesma detetada na água da torre de arrefecimento da respetiva empresa fabril".

De acordo com Francisco George, o caso agora confirmado foi sinalizado na última semana de fevereiro.

"Todas as medidas foram tomadas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências. Prosseguem os estudos em mais sete casos que foram diagnosticados nas últimas semanas", disse Francisco George que não quis, para já, adiantar qual a fábrica afetada pelos casos de legionella, nem se a unidade foi encerrada.

A doença, provocada pela bactéria "legionella pneumophila", contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Continue a ler esta notícia

Mais Vistos

EM DESTAQUE