«Bibi» diz que não transportou casapianos para Elvas - TVI

«Bibi» diz que não transportou casapianos para Elvas

Casa Pia Bibi

Tribunal desvalorizou as declarações de Carlos Silvino

O ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino garantiu esta quintaque «não transportou ninguém para a casa de Elvas», onde ocorreram abusos sexuais de alunos casapianos, mas o Ministério Público desvalorizou as novas declarações do arguido.

Também Miguel Matias, advogado da Casa Pia e dos assistentes/vítimas, considerou que as novas declarações do ex-motorista casapiano, a desdizer o que disse na investigação, valeram «zero» e foram «nulas».

As posições do procurador João Aibéo e de Miguel Matias foram tomadas nas alegações finais da repetição do julgamento relativo aos abusos sexuais alegadamente ocorridos numa casa em Elvas, que pertence à arguida Gertrudes Nunes, e já depois de Carlos Silvino ter desdito o que disse na investigação, tentando assim ilibar os arguidos Carlos Cruz, Ferreira Diniz, Hugo Marçal e outros.

Em resposta a Ricardo Sá Fernandes, advogado de Carlos Cruz, Carlos Silvino tentou ilibar todos os arguidos, alegando que foi ameaçado pelos procuradores da investigação e manipulado pelo inspetor da PJ Dias André e pelo seu então advogado, Dória Vilar, a indicar determinados nomes. Porém, teve dificuldades em concretizar as ameaças que alegadamente teriam sido feitas pelas procuradoras do MP, dizendo que uma delas lhe disse que ele ¿estava ali com os pés para a cova¿.

O ex-motorista insistiu que nunca transportou nenhum rapaz para Elvas e que só se deslocou àquela cidade alentejana na companhia da Polícia Judiciária.

O procurador João Aibéo desvalorizou por completo a nova versão dos factos, observando que agora o arguido até veio dizer que nunca abusou de nenhum jovem casapiano, o que «é aviltante».

Tanto o MP como Miguel Matias desvalorizaram também as novas declarações prestadas pelo assistente Ilídio Marques e que, entre outras coisas, tentam ilibar Carlos Cruz e Ferreira Diniz, com ambos a sublinharem a falta de credibilidade das mesmas.

Nas alegações, João Aibéo referiu que o jovem, que agora retificou o seu depoimento incriminatório, admitiu em tribunal que quando deu uma entrevista a desdizer a acusação consumia cocaína e heroína em doses «elevadas».

Por tudo isto, o MP entende ser «paradoxal» que se queira lançar a dúvida razoável sobre a acusação que pende sobre os arguidos, enquanto Miguel Matias entendeu que a nova prova produzida foi «inútil» e «não acrescentou nada».

O advogado oficioso de Carlos Silvino disse hoje, nas alegações finais do julgamento, estar convicto que o ex-motorista da Casa Pia «não cometeu os crimes» que lhe são imputados em relação à casa de Elvas.

Depois de Miguel Matias, advogado da Casa Pia e dos assistentes/vítimas, ter pedido a condenação dos arguidos na repetição parcial do julgamento, em relação aos abusos sexuais alegadamente cometidos numa casa de Elvas, coube a Pedro Dias Pereira alegar em defesa de Carlos Silvino.

«Este senhor (Carlos Silvino) não levou ninguém a Elvas», insistiu Pedro Dias Pereira, observando que a verdade é uma coisa «complexa» e que é preferível o coletivo de juízes «inocentar um culpado do que condenar um inocente».

Das milhares de páginas do processo Casa Pia, o defensor de Carlos Silvino diz não ser possível extrair «toda a verdade», pelo que o tribunal deve olhar para a casa de Elvas com «outra dimensão».

¿Há situações e indícios neste processo que são tudo menos claros. Isso devia ser olhado pelo tribunal¿, disse Pedro Dias Pereira.

À entrada hoje nas Varas Criminaisde Lisboa, o causídico admitiu que Carlos Silvino possa regressar, em qualquer momento, à prisão, porque, entretanto, transitou no Supremo Tribunal de Justiça o acórdão relativo ao recurso que interpôs quanto à outra parte do processo Casa Pia.

Os crimes de Elvas estão a ser julgados de novo, depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter decretado a nulidade do acórdão, na parte respeitante aos abusos cometidos na casa alentejana.
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