Detetive descreve Renato Seabra como «bastante doentio» - TVI

Detetive descreve Renato Seabra como «bastante doentio»

Defesa do jovem que está a ser julgado pela morte de Carlos Castro questionou a fiabilidade da confissão extraída pela polícia

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Richard Tirelli, detetive da equipa de homicídios de Manhattan que questionou Renato Seabra no dia seguinte ao homicídio de Carlos Castro, afirmou terça-feira em tribunal que o jovem «é um homem bastante doentio».

De acordo com a agência Lusa, numa agitada sessão do julgamento de Renato Seabra em Nova Iorque, o advogado de defesa questionou a fiabilidade da confissão extraída pela polícia a 8 de janeiro de 2011, dia a seguir ao crime, afirmando mesmo perante os jurados que Tirelli «não queria realmente saber por que razão [Seabra] cometeu o crime».

«Você só queria a sua confissão! Estava preocupado principalmente com o que ele fez, não por que motivo o fez», criticou o advogado David Touger, visivelmente irritado.

O motivo da indignação era o facto de Tirelli não ter pedido a Seabra para explicar melhor por que havia mutilado os órgãos genitais de Castro, depois de este ter dito que o tinha feito porque «eram o demónio» e justificado o homicídio como necessário para que «o mundo fosse melhor».

«Para começar, acho que é um homem bastante doentio. Mas acho que foi honesto» na confissão, respondeu o detetive Tirelli, quando questionado porque não fez mais questões sobre a razão da mutilação.

«O que eu queria saber era o que aconteceu naquele quarto» do Hotel Intercontinental, onde se deu o homicídio, a 7 de janeiro de 2011, afirmou o detetive.

A declaração deverá vir a ser explorada pela defesa, que, escudando-se em relatórios psiquiátricos, afirma que na altura do crime, o jovem «estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves» e, como tal, não deve ser considerado culpado.

A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.

A acusação sustenta que foi «raiva, desilusão e frustração» a levar Renato Seabra a matar o colunista social, diretamente ligada ao fim da relação.

Tirelli disse ainda que acredita que Seabra quis confessar por se «sentir mal» com o crime, causado por «uma qualquer discussão entre amantes», motivando o protesto do advogado, que considerou a interpretação descabida.

Também visivelmente nervosa quando terminou a primeira ronda de questões do advogado de defesa, a procuradora Maxine Rosenthal fez questão de perguntar se o termo «homem doentio» era uma «avaliação médica» ou da «culpabilidade» do réu, ao que o detetive respondeu negativamente.

Na quarta feira, o tribunal irá ouvir outro dos três detetives que extraiu a confissão de Seabra, o luso-descendente Michael de Almeida, que serviu também de intérprete.

Nas notas deste detetive constam elementos que Seabra, confirmou Tirelli quando questionado pelo advogado de Defesa David Touger, deu o seu acordo à fiabilidade das notas tiradas pelo detetive, mas não à versão final da confissão, que foi lida hoje em tribunal.

Tirelli confirmou que nem todas as declarações foram incluídas na versão final e que as notas tiradas por Almeida contêm elementos cuja exclusão a defesa questiona, como o facto de Seabra ter dito que pensou suicidar-se na semana anterior ao crime.

O interrogatório foi feito a 8 de janeiro de 2011, quase 24 horas depois do crime no Hotel Intercontinental e depois de a Polícia ter sido impedida pelos médicos do Hospital Bellevue de ver Seabra sem mandado de captura.
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