Fusão de Polícias? Oficiais da PSP dizem sim - TVI

Fusão de Polícias? Oficiais da PSP dizem sim

(Foto Cláudia Lima da Costa)

Seminário apresenta estudos sobre vantagens do fim do modelo dual na Segurança Interna. Governo diz que «mudanças radicais» podem ser «desastrosas»

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Em tempos de crise e cortes no Estado, a PSP organizou um seminário para discutir o futuro da segurança em Portugal e do seu financiamento. A posição oficial da instituição subscreve a linha do Governo pelo modelo dual (duas polícias, PSP e GNR), mas dentro da Polícia de Segurança Pública muitos são os oficiais que defendem um outro caminho.

«O modelo dual está esgotado face à realidade portuguesa e europeia. É preciso mudar de paradigma», disse no seminário o subintendente Manuel Guedes Valente, diretor do Centro de Investigação e de Professor do ISCPSI.

Um dos argumentos apresentado no seminário «Desafios da segurança em Portugal», que decorre esta quinta e sexta-feira, em Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI), é a vantagem financeira em ter apenas um órgão de polícia criminal para as mesmas competências. Em Portugal, PSP e GNR partilham praticamente as mesmas funções, com algumas execepções, mas em áreas territóriais distintas.

Portugal gasta anualmente um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) com as forças e serviços de segurança, enquanto, na França e Espanha, esse custo se situa entre os 0,8 e 0,6 por cento, respetivamente, afirmou o superintendente José de Oliveira, diretor nacional-adjunto da PSP para área dos recursos humanos que apresentou um estudo sobre os custos nas forças de segurança durante 20 anos.

«Os problemas dos baixos salários e das faltas de condições na Polícia não estão relacionados com a falta de investimento, mas sim como a forma como Portugal está organizado em termos de segurança pública», disse o responsável, que defendeu ainda que é importante «a definição de uma política pública de segurança sistémica que a médio e curto prazo se procure a eficiência e a equidade».

Já Hélder Helder Andrade, presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia (SOP/PSP), apresentou o estudo que recentemente foi entregue ao ministro Miguel Macedo, no qual demonstra que a fusão da PSP, GNR e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) numa polícia nacional civilista resultaria numa redução de despesa da ordem 145 milhões por ano e no final do sexto ano de execução a poupança poderia ascender aos 624 milhões de euros.

Por outro lado, o intendente Luís Elias, questionou mesmo se devem existir no país duas polícias integrais e a duplicação de meios nas forças de segurança, salientando, porém, que «é imprescindível» que o Corpo de Intervenção e o Grupo de Operações Especiais (GOE) continuem na Polícia de Segurança Pública.



Uma posição também vincada pelo superintenende Luís Farinha que destacou o facto do GOE ter aumentado em 58% a sua atividade em 2012, em relação a 2011, lembrando também que os custos da manutenção da Unidade Especial de Polícia não são significativos, tendo em conta o orçamento global das foras de segurança, e que compensam os resultados.

A corrente que defende a fusão dos dois órgãos de polícia criminal contou ainda com o contributo do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Antero Luís, que defendeu que a articulação entre as Forças Armadas e as forças de segurança «merece uma reflexão» existindo «uma potencialidade grande», dando como exemplo, a possibilidade dos polícias usarem meios que os militares possuem.

Apesar das propostas, o Governo não mostrou abertura para uma alteração desta magnitude na segurança interna. O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna defendeu que o atual modelo terá de sofrer ajustes, mas «não será posto em causa nos seus fundamentos».

Juvenal Silva Peneda adiantou que o tema escolhido pela PSP para debate «é muito controverso», considerando que «mudanças radicais neste setor são sempre garantia de resultados desastrosos».

O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, superintendente Paulo Valente Gomes, subscreveu a posição do Governo, mas adiantou que a posição no Governo não colide com o debate.
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